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Voto de confiança

Assisti pela TV, no dia 24 de dezembro do ano passado, o pronunciamento do Presidente...

Márcia Moreno Campos
Publicado em 08/01/2017 às 10:59Atualizado em 16/12/2022 às 15:50
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Assisti pela TV, no dia 24 de dezembro do ano passado, o pronunciamento do Presidente Michel Temer, em cadeia nacional, fazendo um balanço dos seus sete meses de governo e pedindo ao povo brasileiro mais esperança e um voto de confiança nas medidas adotadas para tirar o Brasil da situação calamitosa em que se encontra, em todos os setores. Situação essa que, não resta dúvida, foi causada por 13 anos de governos incompetentes, populistas, deslumbrados com o Poder, cegos pelos holofotes da fama e da riqueza repentina, e sem qualquer visão de futuro ou temor das consequências dos seus atos. Michel Temer, o atual presidente, errou politicamente ao aceitar ser vice desses governantes petistas que puxam para si os poucos acertos e jogam, com a desfaçatez de sempre, a culpa dos inúmeros fracassos, em tudo e todos. Ao assumir a Presidência após um processo de impeachment, só fez cumprir a Constituição, que é a lei máxima de um país. Mas com isso estancou um projeto de Poder que se pretendia quase eterno, e despertou a ira daqueles que perderam privilégios, cargos comissionados e outras oportunidades não éticas e legais que estão sendo escancaradas pelas autoridades competentes. Não nos deixemos iludir.

A Operação Lava-Jato ronda o novo governo sim, como uma guilhotina sempre pronta para cortar cabeças. No entanto, a pressão da mídia e de movimentos sociais mudou de tom, decidindo perder a paciência que teve durante anos com os petistas de plantão, e exigindo resultados imediatos. Sempre fomos tolerantes com o modelo de financiamento de campanhas eleitorais, que só enganava hipócritas, pois o Caixa Dois nunca foi uma exceção, mas a regra de todas as eleições. Hoje, a massa conduzida bate no peito para exigir novas eleições. Como se essa legitimidade fosse o bálsamo para curar num passe de mágica o desemprego recorde, a desconfiança dos investidores, os juros exorbitantes e o rombo bilionário deixado pela corrupção - esta sim, devastadora.

Como exigir do Presidente um ministério de notáveis se as medidas amargas para sair da crise precisam ser aprovadas pelo Congresso que só vota movido por interesses pessoais e partidários? Já tivemos acenos positivos do novo governo como a redução do número dos cargos comissionados, a reforma do ensino médio, a PEC que limita os gastos pelos próximos 20 anos, o início da discussão da Reforma da Previdência e a flexibilização, embora tímida, das regras trabalhistas, apesar da contundente oposição de alguns sindicatos, que preferem ver 13 milhões de desempregados a mudar qualquer coisa que eles insistem em chamar de direitos adquiridos. Sem prejudicar o trabalhador, mudanças que aumentem a possiblidade de se conseguir emprego são bem-vindas.

Se Temer for acusado de corrupção, enriquecimento ilícito, formação de quadrilha como já foi um ex-presidente que, mesmo assim, continua no topo da preferência de muitos eleitores , que ele se submeta aos rigores da lei. Por ora, tem o meu voto de confiança.

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