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Adeus ano velho... feliz ano presente!

O ano de 2016 já é praticamente passado para muitos, e é por isso que começamos a pensar...

Julia Castello Goulart
Publicado em 22/12/2016 às 22:54Atualizado em 16/12/2022 às 16:04
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O ano de 2016 já é praticamente passado para muitos, e é por isso que começamos a pensar no próximo ano. É à meia-noite do último dia de dezembro ao primeiro dia de janeiro que fazemos desejos para nós e para os outros para o novo ano. Talvez seja uma das datas que mais evidenciam a nossa preocupação com o futuro. Alguns confiam em horóscopos que nos dão previsões de alguns acontecimentos positivos e negativos que podem ocorrer, outros gostam de fazer listas, ou mesmo fazer planos para o próximo ano. Alguns, mais masoquistas, gostam de se punir, pensando somente no que não fizeram, mas desejaram no ano anterior. Percebe-se que falamos do passado, o que fizemos ou não no ano anterior, no futuro o que queremos, planejamos e desejamos para o novo ano, mas não falamos do presente.

Preferimos gastar o presente, o conhecido, o agora, para pensarmos e nos preocuparmos com o futuro, já que o tememos, por ser desconhecido. Essa nossa característica de se preocupar tanto com o futuro e esquecer o hoje é comum em todos nós, com mais intensidade em alguns do que em outros. E isso tem tudo a ver com a ansiedade. Ben Singer, em seu artigo “Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular”, cita Freud para explicar o porquê da ansiedade, o sofrer por antecipação, é uma forma de autoproteção. “Freud estudou vítimas de traumas de guerra, da I Guerra Mundial, e percebeu que o colapso traumático severo ocorreu somente entre os soldados para os quais o acontecimento terrível era totalmente inesperado. Mas aqueles que haviam se preparado ansiosamente para o choque, fixando-se nele, ensaiando-o mentalmente repetidas vezes... não sofreram grandes perturbações.”

Dessa forma, pensar no futuro é uma forma de se preparar para acontecimentos que ainda não aconteceram, mas o fazemos, como uma forma de nos proteger, de evitar que acontecimentos nos peguem de surpresa e não saibamos resolvê-los. É verdade que a ansiedade protege, mas ao mesmo tempo vivenciamos um mal, para alguns, o mal do nosso século, quando, de tanto preocupar com o futuro, perdemos o presente. Pessoas ansiosas na ceia de Natal não conseguem curtir e estarem presentes inteiramente, porque já estão pensando e planejando o ano-novo. Mas quando chega o ano-novo, também não conseguem ver os fogos e se emocionar, porque estão preocupados com o início das aulas, do trabalho, das férias.

Não há nada de errado desejar e pensar no ano de 2017. O problema é quando perdemos os dias de 2016 (presente) só pensando como vai ser 2017 (futuro), se ainda possuímos tempo para aproveitar o hoje. Por isso talvez que o pré-ano-novo (antes da meia-noite) seja tão chato para alguns, é como se ele não existisse, pois só pensamos no depois da meia-noite, no futuro, no amanhã, no ano que começa. Entretanto o que não pensamos é que o presente é o único tempo em que se vive. É o único que se pode colocar em prática todos os sonhos e planos que um dia se fez. Hoje não desejo mais só um grande ano-novo para os outros, desejo um grande presente, para que ele possa aproveitar o que já lhe pertence, o que já faz parte dele e de sua vida. Porque o presente passa, e o tempo depois nos cobra a conta, e depois, ainda, o culpamos de não termos tempo suficiente.

Temos todo o tempo do mundo. Apenas tenha sonhos e os sejas. Leitor, feliz ano-novo e feliz 2016, que você seja feliz não só no amanhã, mas no agora.

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