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Juiz Moro! Um herói???

Herói!!! Quais os atributos para ser um

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 12/12/2016 às 07:42Atualizado em 16/12/2022 às 16:12
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Herói!!! Quais os atributos para ser um "herói"?

Para os que acompanham diuturnamente o BBLV (Big Brother Lava Jato), lançado na mídia e organizado pela nossa intocável Justiça, divulgado pelo incansável Ministério Público, digo que estamos quase no fundo do poço.

Chega a ser difícil encontrar palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à minha modesta inteligência quando vejo nas ruas, pedidos de autógrafos, aplausos em restaurantes e padarias, capas e mais capas de revistas, pois isto é uma rotina comum a celebridades da TV, do cinema, da música e do esporte. Mas o que acontece quando este ídolo das massas é um juiz?

Antes que possam me massacrar, ou pedirem espaço neste jornal para contradizer o que expresso, penso que é melhor que um juiz seja herói do que bandido. Vejo Sérgio Moro como um magistrado sério, que está cumprindo seu papel. Não creio que ele esteja buscando notoriedade. Posso até divergir dele em um ponto ou outro, mas o respeito e o admiro.

Mas não gosto da ideia de um juiz herói, vislumbrado e inflamado pelas massas e pela TV. Para um juiz como o Moro, não é o ideal, pois as massas radicais querem mais do que Justiça; querem vingança, querem condenações a qualquer custo. Cabe a ele, Moro, somente julgar de acordo com a lei e, se necessário, absolver se não houver provas irrefutáveis contra o acusado.

Se mistificar e idolatrar este “Guardião da Liga da Justiça”, certamente vai existir o risco do “herói” esquecer a racionalidade e mesmo inconsciente, falhar na responsabilidade para dar uma resposta aos incontáveis autógrafos.

O MM juiz Sérgio Moro deve tomar cuidado, pois ainda que não busque os holofotes, ele pode se tornar vítima deles, perdendo a imparcialidade, seduzido pela alta exposição, pode perder o foco no processo e na legalidade, assim como aconteceu com o juiz Baltazar Garzón, idolatrado por prender Pinochet, mas que acabou sendo vítima de suas ações e expulso da magistratura por abuso de poder.

O juiz não pode ser exibicionista ou um assassino de reputações e para isto deve falar apenas sobre o que já foi decidido, nunca sobre o que pode acontecer, pois ele não é o Capitão América ou protagonista do filme “Missão Impossível”.

Concordo com Luiz Fernando Veríssimo quando diz que “Heróis são os profissionais da saúde, professores, carteiros, lixeiros e todos trabalhadores que, diariamente, exercem suas funções com competência e amor, e quase sempre mal remunerados. Heróis são milhares de brasileiros que ganham e sobrevivem com um salário mínimo, pagam suas contas e lutam por um Brasil mais digno.”

Respeito os que divergem de meus pensamentos, mas para mim, o juiz Moro não é um super-herói, ele é apenas um Brasileiro com “B” maiúsculo, uma referência a ser seguida por outros colegas da Magistratura, inclusive no STF, enquanto Heróis são indivíduos comuns que encontram forças para perseverar e resistir, apesar desta crise que assola o Brasil.

Marco Antônio de Figueiredo – Articulista e advogado

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