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Médico trabalhando de graça

Zapeando pelos canais da televisão, assisti a uma parte de uma reportagem e por isso não pude...

Mário Salvador
Publicado em 29/11/2016 às 19:24Atualizado em 16/12/2022 às 16:24
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Zapeando pelos canais da televisão, assisti a uma parte de uma reportagem e por isso não pude me inteirar de todos os seus pormenores. O fato é que, em determinada cidade – cujo nome não fiquei sabendo –, médicos, que atendem nos postos de saúde do município estão sem receber salário há sete meses. (Esse fato, convenhamos, não é novidade em nosso país.) Por isso, eles decidiram paralisar suas atividades. A prefeitura impetrou ação contra eles. E a Justiça ordenou que os médicos voltem a trabalhar, mesmo sem receber.

A decisão da Justiça se baseia na ideia de que os médicos não podem fazer greve, pelo tipo de serviço que prestam à comunidade. Não há como contrariar a decisão da Justiça. E, se a prefeitura continuar a protelar o pagamento dos médicos, eles terão que continuar a prestar serviços à população indefinidamente?

A situação do setor de saúde pública é caótica, em todo o país. E a população, regra geral, recorre aos postos de saúde pública. Abnegados médicos, enfermeiras e atendentes que militam nesses postos sofrem com a falta de medicamentos, instrumental e material básico para desenvolver seu trabalho eficiente e dignamente.Com isso, o povo conta apenas com a boa vontade desses profissionais que, no exercício da profissão, fazem o melhor que podem para suprir, com zelo e ternura, as necessidades dos pacientes.

A Operação Lava Jato, que está trazendo à tona a face oculta de políticos poderosos e empresas que se locupletaram com o dinheiro público, tem evidenciado em que mãos foi parar o dinheiro que deveria acudir o povo.

O Rio de Janeiro, afundado em dívidas e em situação de calamidade financeira, tem um ex-governador já preso, sob suspeita de ter embolsado mais de duzentos milhões de reais de dinheiro público, em forma de propina. Uma grande joalheria que levava joias à residência do governador chegou a receber, à vista e em espécie, cem mil reais por uma joia. Esse governador recebeu de um empresário uma joia que vale oitocentos mil reais e a ofereceu à esposa, por ocasião do aniversário dela. Obviamente esse valor tem a ver com o superfaturamento de alguma obra. Em outras palavras, foi o povo que deu o mimo à ilustre dama.

É muito fácil entender por que o Rio de Janeiro está falido, quebrado, um caos, tal qual a prefeitura da cidade da reportagem veiculada pela televisão e que não paga médicos há sete meses. O povo paga para que políticos competentes administrem a cidade. Isso inclui pagar em dia todos os funcionários. A classe médica não pode trabalhar de graça. Aliás, nenhum cidadão pode trabalhar de graça. Questão de justiça.

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