É conhecido o refrão pelo qual para se obter a vitória numa eleição tudo é permitido, menos perder. O impacto que o mundo sofreu no último dia 9 só se assemelha ao choque dos aviões que derrubaram as Torres Gêmeas.
Numa inexplicável coincidência, o que ocorreu em 9/11 se assemelha ao que se passou em 11/9, deixando os cinco continentes atordoados, sem encontrar explicação razoável, por maior que fosse o poder de previsão dos chamados “cientistas políticos”.
O chanceler José Serra, que em junho qualificava a vitória de Trump como uma hecatombe, agora tem o desplante de repetir o que Didi afirmara sobre a Seleção Brasileira: “Treino é treino, jogo é jogo. E o jogo começa agora”. Como se o passado do candidato fosse mera ficção.
Assim que surgiram os primeiros resultados favoráveis a Trump, choveram telegramas de todas as partes do mundo felicitando-o pela sua consagração, como se esta estivesse sendo aguardada.
Alguns que viam nele a vitória do racismo e da intolerância, temendo a reaproximação do EUA com Putin, passaram a louvá-lo, fazendo dele a única solução para todos os males existentes.
Entre os países bajuladores figurou o Brasil, cujo Presidente, além de confiar no “pleno êxito” do novo governo, manifestou-se “certo de que os dois países trabalharão juntos para estreitar laços de amizade e cooperação”. Com isto, abonou o discurso de “paz e amor” que constituiu o emblema de Lula, por ocasião de sua posse.
Dominando o Congresso dos EUA e a própria Corte Suprema, através da nomeação do ministro que irá desempatar as tendências daquela Casa, Trump terá melhores condições para abandonar a OTAN, deixando-a ao sabor das investidas do Kremlin, como já ocorrera na Ucrânia.
É inadmissível, senão num passe de mágica, que o candidato arrogante que prometera expulsar milhões de imigrantes do país, que iria erguer um muro na fronteira com o México, possa se converter de um dia para o outro num mensageiro da paz, mantendo o acordo de não proliferação nuclear que Obama celebrou com o Irã e a parceria Transpacífica (TPP), que inclui 12 países da América, Ásia e Oceania.
Tudo faz crer que a advertência de Abraham Lincoln ganhe atualidade mais cedo do que se possa esperar: “Podeis enganar toda a gente durante certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente”.
(*) Advogado e conselheiro nato da OAB, diretor do IAB e do iamg, presidente da AMLJ
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