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O romance do século

Nas minhas lembranças, onde incluo o tempo da adolescência, li e reli repetidas vezes fatos...

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 23/11/2016 às 20:15Atualizado em 16/12/2022 às 16:29
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Nas minhas lembranças, onde incluo o tempo da adolescência, li e reli repetidas vezes fatos e cenas do Duque e Duquesa de Windsor como exemplo de par romântico do século XX. Bastava a aproximação do “Dia dos Namorados” para aparecerem nas reportagens alusivas à data os “eternos enamorados” numa vida exemplar de amor duradouro em existência tranquila e exitosa onde não faltava nem mesmo o castelo dos sonhos juvenis. O envelhecimento gradativo não impedia o romance e a continuidade do mito o que provocou um crescente e permanente interesse pelo rei que ao abdicar ao trono da Inglaterra declarou pelo rádio ao mundo inteir “Eu achei impossível carregar o pesado fardo de responsabilidade e executar minha função como rei como eu gostaria de fazer, sem a ajuda e apoio DA MULHER QUE AMO.”

Mais tarde fui colecionando informações que completavam o fato incluindo outros vieses explicativos do comportamento de Eduardo VIII. A família real britânica com linhagem reconhecidamente germânica – Saxe-Coburgo-Gota –, onde o inglês e o alemão eram utilizados com igual desenvoltura, bem como costumes culturais alemães cultivados com apreço, facilitou uma identidade dupla e, em alguns casos, o predomínio do alemão. David valorizava e aprovava sua origem germânica ao mesmo tempo em que acompanhava de perto as realizações políticas alemãs como, por exemplo, a ascensão de Hitler e o início do movimento nacional socialista a partir de 1933. A morte do rei Jorge V em 1936 e sua sucessão por Eduardo VIII aconteceu num tempo em que este já vivia ruidoso caso de amor com Wallis Simpson, uma socialite norte-americana em segundas núpcias com Ernest Aldrich Simpson – executivo de transporte anglo-americano. A vontade de Eduardo VIII era casar-se com Wallis Simpson transformando-a em Rainha da Inglaterra, o que teve dura resistência por parte do parlamento inglês e representante das colônias britânicas – uma norte-americana duplamente divorciada com seus dois ex-maridos vivos – inaceitável!

Mas, isso não é tudo! Recentemente lendo Mazzeo, T. O Hotel na Place Vendôme – deparei-me com informações importantes: a Duquesa de Windsor fora amante do genro de Benito Mussolini, o conde italiano Ciano, como também do embaixador Joachim von Ribbentrop que enviava-lhe cravos em número igual a todas as vezes que estiveram juntos. Mesmo tendo abdicado ao trono, o então Duque de Windsor trabalhava constantemente para uma reabilitação política, inicialmente contra o reinado do seu irmão Jorge VI, e depois contra a Rainha Elizabete II. Durante a II Guerra Mundial, o governo de Churchill vigiou o casal recebendo relatórios sobre promessa feita por Hermann Goering e do próprio Fuher de que se os alemães ocupassem a Inglaterra eles retornariam ao poder.

(*) Psicóloga e psicanalista municipalização da Saúde

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