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Trump venceu, viva o Bufão

Quem já teve a oportunidade de visitar os Estados Unidos e comprovar, in loco, o quanto os seus cidadãos são nacionalistas

Gustavo Hoffay
Publicado em 21/11/2016 às 08:43Atualizado em 16/12/2022 às 16:30
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  Trump venceu, viva o Bufão

Quem já teve a oportunidade de visitar os Estados Unidos e comprovar, in loco, o quanto os seus cidadãos são nacionalistas ao extremo, certamente, não se deixou espantar com a tática usada por Donald Trump em sua vitoriosa campanha, ou seja, cutucar o ego dos seus conterrâneos e aumentar em cada um deles a aversão a imigrantes de origem latina, a refugiados de países em guerra ou não e a proibição da entrada de muçulmanos em seu país. Nacionalistas sim, na mais autêntica acepção desse termo e a ponto de em muitas casas e prédios diversos, em todo aquele território, bandeiras americanas de tamanhos variados serem vistas tremulando em janelas e mastros, trezentos e sessenta e cinco dias ao ano.

Em festas populares e, claro, com destaque para o Dia da Independência, incontáveis estadunidenses são vistos empunhando bandeiras ou vestindo camisetas alusivas ao seu país. Embora bazofiador e festeiro, desconheço outro povo ocidental que se dedica tanto ao trabalho quanto eles e para quem um período de trinta dias de férias anuais é algo absolutamente inconcebível; doze dias de descanso, no máximo, são o que as empresas oferecem aos seus empregados.

Enquanto gananciosos e extremamente antenados com a qualidade da educação oferecida aos seus filhos, o estilo de vida daquele povo constitui um clima por excelência para o cultivo e a adoração do dinheiro, que, por conseguinte, lhes garante um desfrutar de distrações e diversões frívolas, uma vida relativamente segura e que dispensa maiores preocupações que não seja o crescimento ou, no mínimo, a manutenção de um “status quo” que os faça se sentir ainda mais soberanos, absolutos.

Se alguém realmente deseja trabalhar e ganhar muito dinheiro, esquecendo-se de folgas, feriados e férias, lá é o lugar ideal, e desde que, se estrangeiro, esteja com a sua documentação rigorosamente em dia, pois, caso contrário, terá sempre que escapar, se esconder dos broncos e ardis agentes do Departamento de Imigração.

O sentimento de repulsa e desconfiança em relação a latinos é, ali, algo quase palpável, mas se trabalharem dentro de normas (que parecem) propositadamente moldadas a cucarachas, não há muito o que temer, desde que, é claro, sejam satisfeitas as suas não poucas exigências em relação ao resultado que almejam em seus respectivos negócios e tudo o mais que os satisfaça e consideram ser essencial para a satisfação e o bem-estar deles! Por tudo isso, é oportuno lembrar que Donald Trump (cidadão estadunidense que trabalhou, “ralou”, construiu, faliu, se ergueu novamente, empregou e dispensou milhares de pessoas e que sempre viveu em função de grandes negócios geradores de avantajadas fortunas) representa, até nos mínimos detalhes, o povo de um país onde qualquer desejo é perfeitamente exequível, desde que a obstinação pelo dinheiro seja, de fato, algo megalomaníaco e que nunca conta com a complacência das autoridades caso não se adapte e engaje nos propósitos do Tio Sam.

E é sobre esse fundo que surge aquele que é considerado por muitos como o mais arrogante dos presidentes americanos, aquele que é o retrato fiel do povo que irá comandar, dirigir! Cabe a nós, latino-americanos, deixarmos de lado comentários a respeito se ele será “bom” para nós. Esse pensamento me assusta, pois favorece ainda mais um natural comodismo de brasileiros que se imaginam extremamente dependentes das superpotências, mas não levam em conta que elas, também, dependem muito de todos nós, de um povo que não se valoriza e se permite viver iludido e subjugado. Pensemos e façamos mais por nós mesmos. Dos Estados Unidos cuida Trump, o Bufão.

Gustavo Hoffay

Agente Social

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