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Hibisco Roxo

Tomo emprestado o nome de um livro que acabo de ler, escrito pela nigeriana Chimamanda...

Márcia Moreno Campos
Publicado em 13/11/2016 às 12:58Atualizado em 16/12/2022 às 16:37
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Tomo emprestado o nome de um livro que acabo de ler, escrito pela nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, para falar de intolerância, fanatismo e atitudes extremas em nome de uma crença, religião ou ideologia. No livro, o pai, católico convicto, é bondoso a ponto de ajudar anonimamente várias instituições e pessoas do país, mas se mostra implacável ao castigar fisicamente sua mulher e filhos quando esses infringem, a seu ver, qualquer mandamento da Igreja Católica, mesmo quando até os padres não consideram suas condutas pecaminosas. O mesmo homem que acolhe oprimidos pelo regime político do país espanca com brutalidade sua esposa, que, devido a uma gravidez de risco, ousou dizer que estava indisposta para visitar o pároco da região. Esse o livro.

Na nossa vida, aqui mesmo no Brasil, temos presenciado atitudes extremas de todos os matizes. Excessos sem cabimento, fanatismos que trazem consequências desastrosas e ideologias cegas e sufocantes. A falta de questionamento e o não querer ver além de dogmas e rótulos conduzem as pessoas a uma aceitação tendenciosa e prejudicial. Ser considerado de esquerda ou de direita sem questionar é um modo fácil de alienação que só interessa aos que se locupletam da ignorância alheia, colocando cabresto em pessoas que não ousam contestar de forma lógica os ditames dos chefes. É mais fácil e cômodo se dizer de um lado ou de outro, independentemente dos valores, erros e acertos de ambos os lados, do que pensar.

No mundo todo a intolerância cresce e continua causando discórdias e guerras. As pessoas se agrupam motivadas ou seduzidas por falsas promessas, proteção, sede de vingança ou desinformação total. Exemplos como o do Estado Islâmico, que atrai jovens de todos os lugares, nos mostra que, apesar da evolução da humanidade, continuamos matando uns aos outros a propósito de causas que não deveriam existir.

O fanatismo, seja em qualquer segmento, não pode levar a um lugar seguro. O único preceito a ser seguido é o do bem, sem classificação se desse lado ou daquele, se dessa religião ou daquela, se desse partido ou do outro. O bem tem que prevalecer. Porque enquanto o mundo batalha por lados, a natureza, alheia a tudo isso, nos brinda com flores e plantas: as buganvílias, os girassóis, as casuarinas e, especialmente, os hibiscos roxos, que geram flores raras, cobiçadas por todos.

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