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Lugar e hora errados

Estar no lugar e hora errados – qualquer um pode passar por isso. Uma tempestade alagou ruas...

Mário Salvador
Publicado em 01/11/2016 às 09:10Atualizado em 16/12/2022 às 16:46
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 Estar no lugar e hora errados – qualquer um pode passar por isso. Uma tempestade alagou ruas e as deixou intransitáveis. Ocupantes de um veículo arrastado pelas águas para perto de um outdoor com placas de alumínio se assustaram quando uma ventania derrubou uma das placas, que danificou o automóvel. Durante a mesma chuva, um motorista achou que, com seu carro, venceria a correnteza. Bombeiros resgataram o motorista, mas o carro se foi.

Um idoso não prestou atenção no sinaleiro e foi atropelado quando tentava atravessar a rua. Num confronto envolvendo policiais e bandidos numa favela, uma bala perdida matou uma criança. Assaltantes invadiram uma agência bancária. Policiais cercaram a agência e os bandidos ameaçaram matar clientes que foram feitos reféns. Estavam todos no lugar e hora errados e foram pegos de surpresa. E não ter passado por situação como essas é questão de sorte.

Talvez até pensemos que nossa sorte é incondicional e que nunca estivemos no papel de vítimas. Mas, com certeza, todos nós o somos, em alguma circunstância. Por exemplo, o fato de sermos brasileiros já nos torna vítimas, por anos, de inúmeros casos de corrupção que, enfim, estão sendo desbaratados. Contra nossa vontade, arcamos com prejuízos causados por desfalques em estatais, previdência, educação, saúde, segurança. E estamos comprometidos, queiramos ou não, com a dívida nacional, que nos tiraria o sono, se encasquetássemos com ela, de tão grande que é. Tudo isso porque muitos políticos administram mal o dinheiro que confiamos a eles. Estão no lugar errado. 

Situações do dia a dia também podem nos fazer vítimas repentinamente. Nem dentro de casa estamos seguros, e quando tentamos deixar essa zona relativa de conforto, mais nos expomos ao perigo. Colocar o carro na garagem ou tirá-lo exige cuidado. Também não se pode mais conversar na porta de casa. Além disso, nem todas as pessoas podem entrar em nossas casas ou nosso local de trabalh não é sensato corrermos risco. Alguns dentistas, médicos, manicures, cabeleireiras, professores particulares e outros profissionais só abrem seus locais de trabalho se têm certeza de não correr risco. Nesses momentos corriqueiros, bandidos atacam mais facilmente suas vítimas.

Um vaqueiro, dono de um chapéu mordido por uma vaca, observou: “Se eu tentar tirar, o chapéu rasga; se eu não tentar, o bicho o come.” Se a falta de sorte aconteceu, muitas vezes não há mais o que fazer. Parece pessimismo? Que nada! Quem gosta de viver e conseguiu ler este texto é, na verdade, sortudo; afinal, quanta poeira já rolou pela estrada e o leitor ainda está vivo! Depois de reconhecer essa sorte, só nos resta rezar para agradecer pela vida.

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