Quem tem medo de altura?
Quem é acrofóbico?
A acrofobia – medo de altura – pode não ter só fundo emocional; um estudo sugere que as pessoas com esse medo também têm alterações no equilíbrio postural.
A pesquisa, elaborada na USP, Universidade de São Paulo, acompanhou 70 professores, alunos e funcionários da instituiçã 31 deles tinham acrofobia. Como a oscilação é difícil de ser percebida, foi medida em uma posturografia – exame em uma plataforma móvel que segue o balanço das pessoas.
O corpo humano oscila naturalmente. A oscilação só é prejudicial quando é maior e gera desequilíbrio. No estudo, verificou-se que enquanto o centro de massa das pessoas sem acrofobia oscilou, em média, dois centímetros quadrados, a oscilação foi de cinco centímetros quadrados no grupo com o medo. Segundo a fisioterapeuta autora do estudo, o acrofóbico tem a impressão de que vai cair, e isto gera muita ansiedade.
A acrofobia é classificada dentro dos transtornos de ansiedade. Entretanto, um estudo anterior já havia notado que, diferentemente do que acontece com outras fobias do mesmo tipo, o medo de altura raramente está relacionado a um evento traumático. A maioria dos acrofóbicos não apresenta traumas causados por tombos ou quedas acontecidos anteriormente, sendo que não é por isso que eles têm medo.
Três informações são usadas para manter o equilíbri a visão, um sistema que envolve o tato e a propriocepção (sensação do próprio corpo) e o sistema vestibular (sistema responsável pela orientação espacial e pelo equilíbrio corporal). Cada elemento foi isolado nos testes da pesquisa e notou-se que o problema dos acrofóbicos era no sistema vestibular. Não se sabe a causa.
O acrofóbico não nota o problema no sistema vestibular porque o compensa com outros elementos, como a visão. Numa situação de altura, porém, fica mais difícil fazer essa compensação ocular e os acrofóbicos são acometidos pela ansiedade.
Para a fisioterapeuta, a pesquisa mostra a necessidade de aliar a psicoterapia a exercícios de reabilitação vestibular, que diminuem a oscilação postural.
“Tratar apenas o lado emocional não gera melhora física.”
Pouca gente procura o médico por ter acrofobia e muitas pessoas tratam esse fenômeno como algo corriqueiro, sendo que ele pode interferir muito na qualidade de vida dos indivíduos afetados.
(*) Psicóloga Clínica