Uma propaganda sobre a violência contra mulheres afirma que a cada cinco segundos uma mulher é agredida...
Uma propaganda sobre a violência contra mulheres afirma que a cada cinco segundos uma mulher é agredida; e, de cinco mulheres, pelo menos três já sofreram agressão.
A propaganda orienta as vítimas a prestarem queixa na polícia. O problema é que o delegado que faz o atendimento a essas mulheres não as pode socorrer, por isso o drama delas aumenta; sua situação, que já era ruim, fica pior: a vítima volta ao lar, tendo que conviver com seu agressor, que ao saber da queixa, mais agride. Somente um juiz pode decretar uma medida que afaste o agressor.
E de que valem medidas protetivas, se o agressor consegue se aproximar, com facilidade, da mulher agredida? Um homem deveria ficar afastado da ex-companheira pelo menos trezentos metros, mas foi ao salão de beleza onde ela trabalhava e a matou a tiros. Outra mulher teve os olhos furados pelo ex-companheiro, “para que ela não encontrasse mais o caminho da delegacia”.
Também os estupradores são presos e logo estão nas ruas, voltando a cometer crimes. Muitas das vítimas são acusadas de terem provocado o estuprador, por estarem vestidas inadequadamente, de maneira provocante – é essa a desculpa dos bandidos para cometerem o crime. Há ainda as agressões verbais, que não deixam cicatrizes visíveis, mas atingem a alma da mulher.
Não é de hoje que mulheres são ameaçadas por quem está ou esteve a seu lado. Nélson Gonçalves, “Rei do Rádio”, explorou o tema, em 1944, na letra da música Dos meus braços tu não sairás, que dizia: Dos meus braços tu não sairás./ Se tentares me abandonar/ Nem sei do que serei capaz.”
Em vigor, a Lei Maria da Penha objetiva proteger as mulheres, mas não parece assustar ex-companheiros que não aceitam terem sido abandonados, em especial quando foram trocados por outro. Em certos casos, é como se a lei não existisse.
Em muitos países onde as mulheres devem andar com o rosto coberto, caso não o façam podem ser estupradas até coletivamente, viram impuras, não podem se casar e se tornam párias da sociedade. Guardadas todas as proporções, o Brasil, em diversos crimes, parece estar querendo chegar perto dessa realidade, quanto ao desrespeito para com as mulheres.
Assim como o crime por corrupção tem sido punido no país, espera-se que o crime por agressão à mulher também tenha o mesmo tratamento. E o ideal é que a punição seja exemplar, a fim de que coíba, para sempre, qualquer crime contra a mulher.