Jabuticabeira

A reportagem sobre o cultivo de jabuticabeiras, no programa Domingo Espetacular, da Record, mostrou que a atividade rende bons frutos (nos dois sentidos) em fazendas do Brasil. Isto mesm essa árvore dá lucro.

A maior plantação de jabuticabeiras do mundo, na Fazenda Vinícola Jabuticabal, em Goiânia-GO, de Paulo Antunes Souza, comercializa, por ano, 180.000 toneladas da fruta e recebe cerca de 30.000 visitantes, que se deliciam com as jabuticabas e garantem boa renda ao proprietário. A repórter desistiu do desafio de provar uma fruta de cada pé, pois seriam 42.000 jabuticabas.

O fato me lembrou outro. Na querida Araguari, onde nasci, um empreendedor alugava cada pé de jabuticaba de sua chácara. O interessado escolhia sua árvore e apreciava as jabuticabas ali mesmo ou colhia as frutas e as levava para casa. Na época de jabuticabas, não faltavam entusiastas.

A reportagem abordou os inúmeros empregos dessa fruta na culinária e mostrou como se faz um licor. Apesar de os ingredientes (jabuticaba, açúcar e pinga) do licor feito especialmente para a matéria serem os mesmos que utilizo em minha produção de licor, o modo de fazer é diferente: no da reportagem, a mistura vai ao fogo, depois passa por maturação de trinta dias. O que eu faço, apesar de não ir ao fogo, fica pronto no mesmo tempo.

Um dia depois de assistir à “deliciosa” matéria, eu, no meu quintal, admirava minha única e bem tratada jabuticabeira, meu xodó. Ela recebe água todo dia e é bem adubada por folhas secas – conforme me aconselhou a saudosa amiga Amada Expedita: “Não jogue fora as folhas secas. Junte-as no pé da árvore e jogue água. É adubo de primeira.” Com esses cuidados, minha arvorezinha produz até três safras por ano. Então, como sempre faço, tive o prazer de produzir, agora em agosto, quatro litros de deliciosíssimo licor. E logo depois de colher até a última fruta do pé para minha receita, notei os galhos já novamente branquinhos de flores, que, em alguns dias, virarão frutos, que serão apreciados no pé ou darão ótimo licor.

Creio ter-me tornado um bom produtor artesanal de licor, pois transformo jabuticabas em magnífica bebida. Quem prova pede bis. Mas afirmo convict não tenho inveja alguma das 42.000 jabuticabeiras do Paulo Antunes. A única que tenho já me faz muito feliz.