ARTICULISTAS

Cartas marcadas

Ouvinte. Sabe quando alguém vai pular corda e fica diante dela esperando o momento...

João Eurípedes Sabino
Publicado em 02/09/2016 às 20:06Atualizado em 16/12/2022 às 17:30
Compartilhar

Ouvinte. Sabe quando alguém vai pular corda e fica diante dela esperando o momento oportuno para entrar no pula-pula? Ela gira, gira, até que o saltador decide e pronto! Assim fiz para iniciar esta crônica. Ufa! Como demorei.

É que fiquei entre surpreso, perplexo, pasmo, boquiaberto e não sei mais o quê, diante dos fatos ocorridos no Congresso Nacional. Refiro-me ao afastamento da presidente Dilma Rousseff no dia 31/08/2016. Concordo com um colega cronista quando diz que tivemos ali o maior espetáculo (eu diria circense) dos últimos tempos, patrocinado pelas mais altas autoridades do País. Os palhaços Arrelia, Piulim e o nosso Salsicha Chau ficaram sem graça.

Depois dessa, sou forçado a revelar o que penso sobre a política, embora sabendo que ela, no papel, seja fiel representante dos mais puros propósitos:

1) Na política não existe amigo e nem inimigo. Tudo depende... 2) Nela, na política, a coisa sempre muda, antes mesmo de a coisa mudar. 3) Não há sucesso na política sem cabeças cortadas. 4) O que mais admiro no político? Exatamente aquilo que ele é incapaz de fazer. 5) Oposição radical não existe. As conveniências é que lhe dão essa falsa imagem. 6) O adversário de hoje é sempre o aliado de amanhã; observe.7) Ideologia, ora ideologia! Se o dinheiro compra tudo. 8) Política, minha filha, é um autêntico balaio “dê” gatos. Frase dita por Jânio Quadros em resposta a uma jovem repórter. 9) Somos um bando de imbecis, assim nos veem alguns políticos. Eu gostaria de estar enganado.

E acrescento que, na cassação de Dilma Rousseff, o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do STF, num golpe claro à Constituição Federal, permitiu de tirassem com uma mão e dessem com a outra. Cassaram o mandato de Dilma e não lhe tiraram os direitos políticos, ou seja, ela dará uma volta e retornará já. Fernando Collor, que renunciou em 1992, deveria cobrar indenização pelo dano moral que sofreu por ter ficado oito anos fora de cena.

“Pau que bate em Chico, bate em Francisco” e “todos são iguais perante a lei” são peças de retórica que sabemos não funcionar no Brasil. Depois maldizem dos brasileiros que daqui se mudam com a intenção de nuca mais voltar.

E o povo, coitado, tenta sair vencedor desse jogo de cartas marcadas.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Logotipo JM Magazine
Logotipo JM Online
Logotipo JM Online
Logotipo JM Rádio
Logotipo Editoria & Gráfica Vitória
JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por