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De Serginho para Darcy

Fiquei bastante tocado nessas Olimpíadas com Serginho, líbero do vôlei brasileiro...

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 30/08/2016 às 08:25Atualizado em 16/12/2022 às 17:32
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Fiquei bastante tocado nessas Olimpíadas com Serginho, líbero do vôlei brasileiro e uma história de vida de superação, dificuldade, adversidade não diferente de milhões de compatriotas. Um Brasil de enormes contrastes e de diferenças ainda profundas, que ao tomarmos conhecimento da trajetória desse atleta fica difícil crer como um ser humano com inúmeros obstáculos de toda ordem, principalmente material, consegue elevar-se, galgar e preservar a essência de suas convicções e princípios que o nortearam e o norteiam até hoje. Impossível não se emocionar ao vê-lo comemorando o título olímpico com o choro sincero e carregado de uma bagagem pesada que levou nos ombros durante anos para chegar àquele momento mágico, quase inacreditável. Lágrimas de dignidade, afeição, raça, amor, coragem, garra. Emoção incontida de quem é espontâneo, não é programado. É simplesmente o Serginho bravo, guerreiro, humilde e altivo, porque sabe temperar com naturalidade valores tão preciosos da vida que nos tornam críveis no ser humano.

Após experimentar a alegria de ver o Brasil Campeão Olímpico de Vôlei na Rio 2016 e assistir às cenas maravilhosas de jogadas perfeitas, saques magistrais, ataques indefensáveis, passes mágicos, não tive como não comparar duas seleções, essa de vôlei e a de futebol masculino. Quanta diferença! Ali me parecia dois Brasis. O Brasil da raça, do comprometimento, do patriotismo, da simplicidade, da valoração, da entrega, da conquista, da vontade de vencer para coroar um trabalho devotado à causa. Gigantes rapazes e homens imbuídos de propósitos verdadeiramente olímpicos, cujo esporte é referência e instrumento para aprimorar o ser humano e integrá-lo da forma mais salutar e cidadã. Foi assim que percebi o Brasil do vôlei e não foi assim que percebi o Brasil milionário do futebol que venceu nos pênaltis e endeusou um atleta que indiscutivelmente é um craque. Porém, não se avista na seleção de futebol o brilho do Brasil do vôlei. O Brasil do futebol não mais se encontra aqui. O do vôlei é um Brasil que queremos aqui. Para espelharmos, referenciarmos, inspirarmos, orgulharmos.

Depois das Olimpíadas coloquei reparo atento à trajetória de Serginho, sua origem, sua busca, suas dificuldades, seu envolvimento, seu compromisso e seu ideal. Serginho me fez compreender com mais profundidade o que Darcy Ribeiro sempre quis dizer da beleza e riqueza do ser humano brasileiro. De tantas façanhas e conquistas, certamente Serginho não imagina e nem saberá que me possibilitou melhor entender Darcy, o mais apaixonado dos brasileiros pelo Brasil.

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