O nome de Deus é misericórdia

Meu amigo Manuel Eugênio (Genga) deu-me um belo presente, o livro “O Nome de Deus é Misericórdia”. Autor: Andrea Tornielli. O livro é escrito em forma de diálogo. É uma conversa com o Papa Francisco. Em estilo simples e claro, nos faz lembrar do Papa João Paulo I: “Deus é Mãe”.

Por outro lado, o autor me faz lembrar da religião de meus tempos de criança. Volto ao velho Seminário, ao tipo negativo da religião daquele tempo. O professor pediu que fizéssemos, por escrito, a nosso ver, quais as maiores virtudes que deviam ornar a alma de um padre. Fiz minha lista.  Lá estavam a obediência, a castidade e algumas outras mais, entre elas a “ternura”. O professor, um marista francês, não gostou. Ao lado do termo acrescentou em letras vermelhas: “Ternura é coisa de mulher”. Certamente o padre deveria ser grosso, mal-educado, colocando as leis dos castigos divinos acima da misericórdia do Pai.

Quando se descobre as linhas mestras da personalidade de Jesus, percebe-se que Ele sempre foi dominado por uma ternura muito profunda.  Não é pieguice. É coisa muito mais significativa. Foi terno com as crianças, com os doentes, com as adúlteras, com as prostitutas, com os pobres, com todos os tipos de marginalizados. Por outro lado, foi duro com os hipócritas, para com os que se enriquecem com religião, para com os donos do poder religioso que exploram os pobrezinhos com impostos escorchantes.

“Ternura” é uma força sem dureza. É o contrário da agressão, é o oposto da brutalidade e da estupidez. Posso até ir além e dizer que a agressividade é uma fraqueza. Ternura tem muito a ver com misericórdia. Com compaixão. Com tranquilidade. Com equilíbrio interior. Com paz.  Como ouvir sem ternura os lamentos do irmão? Como dar um conselho sem ternura? Como dar uma esmola sem ternura?

Será por que aquele meu professor ficou tão indignado? Não seria ele um misógino enrustido?

Abolir a misericórdia de nossa vida não seria abolir a presença de Deus? Você se lembra das palavras de Jesus “seus pecados lhe foram perdoados porque ela muito amou?”

Que  pessoas Jesus condenava? Eram os fariseus. Eram os hipócritas.  Eram os duros de coração. Eram aqueles que não se deixavam vencer pela misericórdia.