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Experiência de fé

Dentro da pedagogia litúrgica da Igreja, no terceiro domingo de agosto, celebra-se a vocação...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 20/08/2016 às 18:33Atualizado em 16/12/2022 às 17:40
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Dentro da pedagogia litúrgica da Igreja, no terceiro domingo de agosto, celebra-se a vocação à vida religiosa. Pertencer a uma congregação religiosa não deixa de ser uma experiência de fé, tendo como ícone a Mãe de Deus, Maria, a primeira a experimentar a fé, servindo a Jesus Cristo. A assunção de Maria reflete as consequências de quem coloca a vida como serviço desinteressado pelo irmão.

“Feliz aquele que teme o Senhor!” (Eclo 34,17). Não só Maria, a Mãe de Jesus, mas muitos vivenciaram a fé em Deus de forma incondicional. Essa prática continua hoje, mesmo que seja com formas das mais diversas possíveis. O importante é a consciência da entrega, da responsabilidade e da doação. Chegamos até a existência dos mártires da época moderna, os que não abrem mão da verdade.

A fé consegue fermentar a esperança e faz com que a vida da pessoa realize a prática da caridade. O bem feito ao outro sai do nível da filantropia e entra na dimensão sobrenatural. É a caridade feita com fé e com esperança. São três virtudes fundamentais, porque elas elevam o ser humano a uma dignidade capaz de ultrapassar os níveis do tempo e dos condicionamentos finitos.

A grandeza e a objetividade da fé só são realmente perceptivas na generosidade do coração humano. Em outros termos, a fé é dom amoroso de Deus. Ela está presente na sensibilidade da vida, que vem da própria natureza das coisas, ou da possibilidade de divinização da criação humana e da capacidade que a pessoa tem de fazer um encontro pessoal com Jesus Cristo.

As grandes obras de Deus, que manifestam a essência da fé, realizam-se na vida das pessoas mais simples. O orgulho e a vaidade sufocam sua simplicidade, porque Deus é simples a ponto de nem ter visibilidade. Aí está o mistério da fé, fazendo com que muitas pessoas não admitam a existência de Deus. Na verdade, não conseguem vê-Lo presente na beleza da criação.

Triunfo e humildade não combinam, a não ser quando nos esvaziamos de toda glória pessoal e colocamos tudo nas mãos de Deus. Fazer isso significa deixar Deus ser grande em nossa vida e experimentar a fé na prática. Realidade impossível de acontecer na arrogância injusta do poder, onde o deus-dinheiro é adorado e tomado como único caminho de felicidade humana.

(*) Arcebispo de Uberaba

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