ARTICULISTAS

Beleza, Esporte e Olimpíadas

Para os evolucionistas, a beleza tem raízes anteriores à Cultura. Biólogos, geneticistas...

Sandra de Sousa Batista Abud
Publicado em 18/08/2016 às 21:12Atualizado em 16/12/2022 às 17:40
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Para os evolucionistas, a beleza tem raízes anteriores à Cultura. Biólogos, geneticistas e mesmo filósofos da Ciência buscam evidências de beleza universal como belas paisagens ou simetria corporal para afirmar que, antes de tudo, a beleza não está nos olhos, mas nos genes de quem vê.

As Olimpíadas não proporcionam um espetáculo para os olhos do mundo?

O objetivo da Arte, seja ela expressa pela Poesia, Música, Artes Plásticas e Arquitetura, entre os séculos XVII e XIX era a busca da beleza, um valor universal, equivalente ao bem e à verdade.

O Esporte também não expressa a beleza?

No livro A Condição Humana, Hannah Arendt pensa a obra de arte como fonte imediata da capacidade humana de pensar. Para ela, tal capacidade transforma a dor inarticulada do animal humano em forma polida que transcende e transforma o sentimento primevo e simboliza o ser no mundo.

No Esporte o pensamento e a dor também estão presentes.

Sendo a Estética, ou Filosofia da Arte, o ramo da Filosofia que trata dos problemas ligados à Arte, com considerações sobre a beleza e com as demais formas de expressão da cultura, ela procura responder a perguntas com “O que é Arte?”; “O que é uma obra de arte?”; “O que é o belo?”. Procura, também, analisar as questões  surgidas na busca de respostas a essas perguntas e nas próprias respostas.

O Esporte é belo. O esporte é arte?

A beleza, objeto de estudo da estética, é assim tratada por Scruton: “A beleza pode ser consoladora, perturbadora, sagrada, profana, hilariante, atraente, inspiradora... Estas não são também características esportivas? A beleza nos afeta de forma ilimitada. Porém, nunca é vista com indiferença: a beleza demanda que seja anunciada, fala diretamente a nós como a voz de um amigo íntimo. Se existem pessoas que são indiferentes à beleza, então isso se deve claramente ao fato de elas não a perceberem.

Ser indiferente às Olimpíadas é não perceber a sua beleza.

Se a discussão sobre a natureza da beleza já existe há mais de dois milênios, a feiura foi, em comparação, muito pouco pensada, tendo sido inúmeras vezes definida apenas como o “oposto do belo”. Entretanto, o feio tem suas características próprias e particulares.

Nas Olimpíadas, o belo é ganhar? O feio é perder?

Na Estética Transcendental, a beleza seria uma característica que nos define como sujeitos racionais, capazes de compreender o mundo. Tanto sua busca como sua concretização nas mais variadas formas de Arte são necessidades imprescindíveis a todo ser humano. De modo que abdicar da busca da beleza, é abrir mão de uma herança cultural riquíssima, é tornar a vida mais difícil, mais cinzenta, fazendo com que a principal função da Arte – fornecer consolo para o cotidiano, se perca.

Tudo que se aplica à beleza não se aplica ao esporte e às Olimpíadas?

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