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Rafaela Silva – A derrubada de um paradigma

Esta é a primeira atleta brasileira da história do judô no Brasil, entre homens e mulheres...

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 17/08/2016 às 09:03Atualizado em 16/12/2022 às 17:42
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Esta é a primeira atleta brasileira da história do judô no Brasil, entre homens e mulheres, a conquistar medalha de ouro na Olimpíada do Rio 2016 e o título de Campeã Mundial de Judô em 2013. Uma vencedora cuja singular história de vida oferece-nos a oportunidade ímpar de reflexão sobre os paradigmas individualistas e socialistas na construção de uma identidade e trajetória própria para busca dos seus objetivos de vida e realização plena dos seus potenciais.

Tendo crescido na favela carioca Cidade de Deus, desde cedo demonstrou aptidão para os esportes, iniciando-se no futebol. Seu comportamento agressivo, que culminava em brigas frequentes na rua, levaram seus pais, Luiz Carlos e Zenilda Silva, a colocarem-na aos sete anos de idade no Instituto Reação, recém-montado pelo ex-atleta Flavio Canto, juntamente com sua irmã Raquel Silva. Logo despertou o interesse do técnico Geraldo Bernardes, que passou a cuidar do seu treinamento, ao qual se dedicou com entusiasmo e disciplina.

Não podemos ignorar o psiquismo individual e coletivo na explicação dos fenômenos sociais, bem como da identidade singular e única dos indivíduos, ou seja: existem modalidades específicas com as quais entramos em contato com outro ser, aceitando vê-lo em sua singularidade (e não como instrumento de nossa satisfação), e aquelas modalidades em que aparecemos para os outros seres humanos em nossa diferença e unicidade. Não podemos simplesmente agrupar, num mesmo conjunto, sujeitos apresentando características socioeconômicas semelhantes, pois não podemos prever as condutas destes indivíduos, ditos semelhantes. Ao contrário, será preciso estudar, em cada circunstância, como se comportam os diferentes sujeitos que compõem um grupo, seu grau de consciência dos diversos problemas, sua percepção da realidade em que se encontram, os conflitos que os dividem e os acordos que os associam. A sociologia não pode ser indiferente ao problema da alteridade – aquele outro que intervém com bastante frequência como modelo, objeto, apoio e adversário. Precisamos nos atentar para uma psicossociologia, ou seja, uma psicologia das relações sociais, e não uma sociologia que se preocupa apenas com a análise dos sistemas ou dos modos de produção nos quais o indivíduo concreto, os grupos reais em seu confronto (sua alteridade) são negados. O homem só existe para nós quando nele investimos afetivamente. É a mãe que faz da criança um “pequeno homem”, mas é a criança que faz da mulher uma mãe. É o dom de amor dos pais à criança que lhe concede a sua forma humana e é o investimento afetivo da criança para com seus pais que os torna “outras” pessoas com as quais é possível se identificar e amá-las.

(*) Psicóloga e psicanalista

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