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Vigilância bíblica

Vigiai e orai para não cairdes em tentação (Mt 26,41). Essa é a orientação da Palavra de Deus...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 06/08/2016 às 19:45Atualizado em 16/12/2022 às 02:49
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“Vigiai e orai para não cairdes em tentação” (Mt 26,41). Essa é a orientação da Palavra de Deus para quem deseja viver a dimensão da espiritualidade cristã, com um coração voltado para as realidades que justificam a vida como dom de Deus. A vigilância significa abrir os olhos para enxergar o valor do que está ainda escondido por trás das coisas com as quais nos relacionamos.

Viver no mundo não é que ele seja nossa propriedade, mas espaço de construção, de melhoramento e de possibilidade para uma vida sadia e feliz. Para isso, todos nós somos vigias e sentinelas, fazendo o possível para que ele não seja depredado e transformado em espaço de sofrimento. É uma casa comum, que acolhe bons e maus sem discriminação, porque seu Criador o quis assim.

A vigilância está ligada à prática da fidelidade. Não deixa de ser uma atitude consciente, porque exige responsabilidade e justiça para construir espaço de fraternidade entre as pessoas. Esse foi o critério querido por Cristo ao falar aos apóstolos, “vigiai e orai”. Não deixar passar as oportunidades que temos para fazer o bem, porque é isso que conta como crédito nos apontamentos de Deus.

Estamos numa cultura marcadamente mercantilista, onde as falsas ilusões e o bem-estar físico são a preocupação principal, e a riqueza sobrenatural vai ficando em segundo plano. A vigilância estética, nos últimos tempos, tem sido “a chave do momento”, inclusive sustentando a forte indústria dos cosméticos, engrossando o faturamento e as fileiras do mercado consumidor.

Entendemos que, em determinada comunidade, existem níveis diferentes de vigilância, porque “a quem muito foi dado, muito será pedido”. Quem recebeu pouco será também cobrado pouco. As capacidades são diferentes e quem possui muito deve servir mais e tem maior possibilidade para isso. É gratificante poder fazer com nossas capacidades o bem comum.

Ao falar de vigilância cristã, não podemos desconhecer a importância da fé. Vigiamos porque acreditamos na possibilidade de fraternidade fundamentada no amor de Deus e numa eternidade feliz. Aí está o sentido da construção, da vigilância, de trabalhar todo dia, com esperança, porque o mundo não é o termo do caminho do ser humano. O apego ao mundo tira a liberdade das pessoas.

(*) Arcebispo de Uberaba

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