Antes dos dezoito eu achava que depois de certa idade eu teria liberdade total para fazer o que me “desse na telha”. Mas depois dos dezoito, conheci as responsabilidades e entendi que nem sempre dá para fazer tudo o que se quer. Antes dos dezoito achei que minha mãe pararia de se preocupar: se estou levando casaco, se comi direito... Mas depois dos dezoito, eu percebi que as mães nunca param de se preocupar e que, um dia, serei como elas. Antes dos dezoito achei que eu não teria mais medo do escuro, de bruxas e do bicho papão. Mas depois dos dezoito, eu ainda sinto med Medo de não conseguir emprego, medo de não amar o suficiente, medo de perder as pessoas que amo.
Antes dos dezoito achei que aquele mundo que era tão grande para uma menina tão pequena, diminuiria. Mas depois dos dezoito viajei e vi que sempre seremos indivíduos tão pequenos em um mundo sempre a espera para ser descoberto. Antes dos dezoito eu sonhava em fazer muitas coisas e que eu alcançaria todos os meus sonhos. Mas depois dos dezoito conquistei muitos, fracassei em alguns e aprendi que nunca paramos de sonhar. Antes dos dezoito achei que nunca mais cantaria no chuveiro ou assistiria a desenhos animados com a minha irmã. Mas depois dos dezoito ainda canto no chuveiro, talvez mais desafinado do que me lembro e ainda assisto a vários desenhos com a minha irmã, que também cresceu .
Antes dos dezoito achava que as pessoas não morriam, que eram imortais. Mas depois dos dezoito eu vi que as pessoas se vão de uma hora para outra, nos deixando a saudade. Antes dos dezoito achava que eu aos dezoito já teria lido todos os livros já escritos. Mas depois dos dezoito ainda não cheguei nem em um terço, porque descobri que é impossível ler todos os livros do mundo. Antes dos dezoito achava que amar alguém era como nos contos de fadas, sem problemas, sempre com finais felizes. Mas depois dos dezoito eu descobri que amar alguém é uma das maiores e mais belas aventuras que enfrentamos. E que podemos ser felizes com a pessoa que escolhemos, mesmo com todos os problemas.
Antes dos dezoito achei que nunca mais iria chorar. Mas depois dos dezoito descobri que chorar nem sempre é sinônimo de tristeza, e que as nossas lágrimas nos tornam mais humanos. Antes dos dezoito achava que crianças não cresciam, assim como na Terra do Nunca. Mas depois dos dezoito eu percebi que a infância passa num passe de mágica. Antes dos dezoito eu queria fazer dezoito para ter uma vida de adulta. Mas depois dos dezoito eu percebi, talvez tarde demais, que a infância é a melhor fase que passamos. E se soubéssemos tudo isso antes dos dezoito a infância não teria a mínima graça...
