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Operação Boca Livre e Consist!

Não faz muito tempo assistíamos perplexos os escândalos criminosos levantados pela operação...

Paulo Leonardo Vilela Cardoso
Publicado em 29/06/2016 às 19:47Atualizado em 16/12/2022 às 18:19
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Não faz muito tempo assistíamos perplexos os escândalos criminosos levantados pela operação Lava-Jato, seja por conta da prisão dos diretores de uma das maiores empresas de capital aberto da América Latina, a Petrobras, além de políticos de alto gabarito e de empresários das grandes empreiteiras que trabalham pelo país.

O Brasil tem mudado o seu paradigma de país do futebol e do carnaval, e passa a ser exemplo mundial no trabalho de combate aos males que assombram os bastidores da política nacional, quais sejam, a propina, o financiamento eleitoral mal-intencionado e a corrupção generalizada.

Assistimos pasmados a ação dos procuradores, através da “Operação Boca Livre” que prendeu 14 pessoas que fraudavam a captação de recursos do Ministério da Cultura, via Lei Rouanet, em importe de aproximadamente R$180 milhões. Parte do dinheiro, acreditem, foi utilizado para bancar o casamento de um dos artistas! As delações premiadas brotam ponto a ponto e evidenciam o desvio de dinheiro público.

Chegam a espantar, por exemplo, os atos perpetrados pelo ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, esposo da senadora Gleisi Hoffmann, que direcionou a contratação da empresa Consist para operacionalizar o crédito consignado de funcionários públicos da União, no período de 2010 a 2015. Destes valores, somente o escritório de advocacia ligado ao ex-ministro de Lula recebeu R$7 milhões, além dos indícios de que foram desviados R$100 milhões de um serviço de gestão de crédito. Absurdo!

Com essas fraudes, vamos percebendo que a famosa linha de raciocínio “roubo, mas faço” vai perdendo força, e os cidadãos vão percebendo que mais vale um governo leal e transparente, do que aquele que enriquece e enche o bolso de alguns empresários, em troca de mazelas.

Aos poucos, o povo brasileiro vai se dando conta de que a eleição é para ser levada a sério, e que um voto de “pirraça”, em pessoas mal preparadas, pode custar muito caro. Afinal, de que vale a entrega de casas superfaturadas e mal acabadas? Unidades de Pronto Atendimento sem médicos e medicamentos? De escolas públicas sem professores ou com professores mal remunerados? De profissionais públicos que não podem usufruir da própria segurança que prometem oferecer, em face da ausência de estrutura básica para execução do trabalho? Como se não bastasse tudo isso, restam-nos a inflação, o feijão, o milho e o leite sumindo das gôndolas, o alto desemprego, a disparada do preços, e a queda da moral econômica frente aos demais países do mundo.

Enfim, dentro da tríade Executivo, Legislativo, Judiciário, este último vem mostrando sua força ao combater a corrupção, ao ponto de fazer tremer os palácios governamentais que por anos, e é o que demonstram as investigações, vêm sugando e desviando o direito público. O Ministério Público foi parceiro fundamental nesta empreitada!

Resta a cada um de nós, cidadãos, nos preparamos e darmos um pouco mais de atenção ao processo democrático eleitoral, à governança pública, aos processos licitatórios, à fiscalização de obras.

Afinal, a corrupção, muitas vezes está debaixo dos nossos olhos, e não conseguimos identificá-la. Olhos abertos!!! 

(*) advogado

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