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Pena de morte para corruptos é lei

Pacote anticorrupção recém-aprovado decide pena de morte ou prisão perpétua por desvio...

Mário Salvador
Publicado em 28/06/2016 às 19:17Atualizado em 16/12/2022 às 18:20
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Pacote anticorrupção recém-aprovado decide pena de morte ou prisão perpétua por desvio de dinheiro público ou propinas superiores a R$ 1,6 milhão e, abaixo desse valor, prisão e punições. Funcionário público é obrigado a delatar parente. Subordinado que aceita suborno é punido. Cônjuge de autoridade pública não dirige empresas. Mais alto o ranking, mais severas as regras para o cônjuge. E filho, genro e nora não trabalham em setor que contrate parente ou com ele negocie. Autoridades têm que apresentar relatório de negócios, emprego e empresa de parente. A lei existe. Na China. O Partido Comunista, com investigações aleatórias, garante seu cumprimento. No Brasil, lei similar seria negócio da China, ou seja, bom negócio.

Enquanto a China pune propinas com rigor, aqui, livrando o pescoço, empresa se dispôs a devolver um bi de reais. E Sérgio Machado, que por conveniência não delatou figurões, propôs devolver 70 mi de reais. Se essa foi a opção, o rombo é bem maior. Com pena domiciliar, tem por companhia uma tornozeleira.

Imitar a China seria ótimo. E a pena de morte já existe aqui, com corrupto que se locupleta com dinheiro de estatais e condena saúde, educação e segurança do povo e compromete melhoria de rodovias, que, em alguns lugares, são só buracos. Pena de morte também é aplicada pelo bandido que enfrenta policial, mata civil com bala perdida que encontra o alvo; e pelo companheiro que rejeita o fim de relacionamento. Inocente foi morto por bandido no resgate de companheiro em hospital no Rio. Situação é crítica.

Enquanto político japonês corrupto se desculpa e renuncia ao mandato, aqui dinheiro público em cofre de político ou partido “foi devidamente contabilizado em contas aprovadas pelo Tribunal Eleitoral”. Renúncia de corruptos, mesmo com as delações premiadas, não houve. Nem haverá.

O vulto alcançado pela corrupção reflete a demora em enfrentá-la. Mas o ineditismo na lida com o assunto incitará leis mais severas, cidadão politizado, eleitor criterioso, e corruptos presos. Brasileiro não suporta corrupção – que esse seja o novo sentido do jeitinho brasileiro, que antes significava corrupção.

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