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Para que servem os laranjas?

Não há como fechar os olhos para os acontecimentos políticos no Brasil. Como cerrar as vistas...

João Eurípedes Sabino
Publicado em 24/06/2016 às 20:19Atualizado em 16/12/2022 às 18:20
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Não há como fechar os olhos para os acontecimentos políticos no Brasil. Como cerrar as vistas, se a cada dia uma bomba explode no poder central? Bom é que ninguém está sendo poupado, inclusive o presidente interino, Michel Temer. E ele se mostra um mestre na arte de se explicar, mas fica longe do que seja justificar. “Conta outra Marcelino”, dizem os de juízo.

Carlos Heitor Cony, no artigo “Delação Premiada”, de 12/06/2016 na “Folha de São Paulo”, ao criticá-la pontua que: “Duvida-se de uma causa que usa recurso indecente para continuar na mesma indecência”. Como admirador de Cony, peço-lhe vênia para dizer que, mesmo sendo indecente, a “colaboração premiada” é, sem dúvida, um “corta caminho” sem o qual o papo de barbante não seria deslindado. Se com a delação premiada ressuscitássemos figurões do tempo do Império, por certo que muitos deles seriam condenados.

Nunca vi, jamais fui apresentado e tenho asco da figura. Portanto, sei lá como é um homem-bomba em pessoa, pronto para matar e morrer. Para vê-lo em outra dimensão, no entanto, não precisamos ir tão longe. Um chama-se Sérgio Machado, ex-senador e ex-presidente da empresa Transpetro, filha umbilical da Petrobras. Todos os nominados por ele, coitadinhos, se dizem inocentes e não merecem as citações de seus nomes. Nenhum deles tomou dinheiro com Sérgio Machado. E para que servem os “laranjas”?

Nem tão longe está o tempo em que se sangravam os cofres públicos e, passado um interregno, o ladrão se metia num casulo, caía no anonimato, dava até a impressão de que havia morrido e estávamos conversados. Hoje, quem tem barba chucha ela na água morna e a deixa de molho. Quem é imberbe enfia o próprio queixo na caçarola e fica em compasso de espera, aguardando sua hora chegar. É o Brasil quebrando os seus próprios paradigmas.

Já é rotina consultarmos o noticiário e lá vem bomba: pedofilia, estupros, assaltos à mão armada, explosões de terminais bancários e, mais frequentes do que quentão em festa de São João, as delações premiadas. Sem elas – as delações –, estaríamos num país composto só de políticos “ilibados”. Aliás, em suas retóricas está a essência da ética, mas, na prática, haja dialética!

Quando esta crônica era concebida, a Polícia Federal seguia desbaratando escândalo milionário – 660 mi – envolvendo a empresa proprietária do avião em que morreu Eduardo Campos, candidato à Presidência da República. Os supostamente envolvidos no caso se escamotearam. Paulo Sérgio de Barros Morato morria num motel. E veja que Campos faleceu há quase 2 anos, no dia 13/08/2014.

Enquanto isso, o ex-ministro Paulo Bernardo é preso em Brasília e Eduardo Cunha abre o cinto para ser ejetado.

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