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Ir. Loreto, uma estrela que brilha...

Há pessoas que nascem para brilhar, sem ofuscar a beleza do próximo, ao longo da vida...

Maria de Lourdes Leal dos Santos
Publicado em 19/06/2016 às 13:56Atualizado em 16/12/2022 às 18:25
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Há pessoas que nascem para brilhar, sem ofuscar a beleza do próximo, ao longo da vida, iluminam o caminho para que os outros possam caminhar. Desta forma foi a trajetória de Ir. Loreto Gerbrim, irmã dominicana, de Formosa, Goiás, que aos 16 anos, veio para Uberaba, no Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD). Menina da música que tocava piano desde os seis anos. Expressou sua vocação religiosa: “Irmã Margarida, mestra de noviças, desabrochou-me para o sobrenatural. Ensinou-me a viver em função de Deus e de sua obra, em constante diálogo com Ele. Amor a Deus e ao trabalho apostólico”. No magistério dava aula de violão, acordeom e canto. Aos 17 anos foi para a França, rumo ao noviciado. Estudou Teologia, Bíblia e Catequese com excelentes teólogos. De volta, vai para Rio de Janeiro e faz bacharelado em Geografia e História. Em 1949, integra o corpo docente na fundação da Faculdade de Filosofia Santo Tomás de Aquino - FISTA. Sua escalada profissional não cessou. O IBGE lhe deu de presente uma bolsa de estudos para a França, na Universidade de Sorbonne, Paris, ao doutorado em Geologia. Não perdia um curso e, em Paris, defende duas teses. Outro doutoramento foi na PUC do Rio de Janeiro, sobre Geomorfologia. Irmã Loreto, como religiosa e professora universitária, sempre testemunhou seu amor pela educação e pelos jovens. Uma ex-aluna dominicana e jornalista, Ana Luiza Brasil, em uma visita a seu laboratório na UNIUBE, relatou: “Ela desempenha seu trabalho com tanto entusiasmo e dedicação, que as pedras, fósseis e trabalhos em argila parecem ter olhos, ouvidos e sentimentos. Para cada aluno uma caixa de madeira, com 20 repartições. Em cada repartição um vidro com uma amostra de pedra, para o reconhecimento. [...] Ela os pega com respeito e cuidado, como se fossem bebês. E cercada de pedras, eu senti o calor da vida.Em cada explicação ia colocando sempre suas observações: ‘Bem disse o maior cientista do mundo, Einstein... eu creio em Deus, inteligência superior, que fez a matéria organizada.’Estive em pensamento nos lugares origens de tudo aquilo que me foi mostrado, como no Palácio dos Césares (pedaço do calçamento), Amazônia (borracha), Oceano Pacífico(concha), Ceará(peixe que virou pedra), Arábia Saudita (petróleo bruto), Rio Xingu (pedras polidas), Itália (cinzas do Vulcão Vesúvio, que destruiu Pompeia). Vi a pedra que faz o talco, o batom, o ferro que pode aquecer até 2 mil graus sem diluir. [...] Vi a pérola se formando na ostra, vi o cavalo marinho, enfim tanta coisa, que senti vontade enorme de ser sua aluna”. Os ex-alunos de Ir. Loreto não se esquecem das aulas e excursões feitas para a coleta das pedras, a partilha dos conhecimentos e canções feitas nas viagens. Lecionou em cidades como Araxá, Ituiutaba, Uberlândia e outras mais. Seus olhos azuis, o sorriso cativante, a sabedoria e simplicidade a fizeram única. Tornou-se cidadã uberabense e foi homenageada várias vezes. No dia 25 de junho, completa-se um ano que ela foi tocar canções junto a Deus. A saudade é imensa... Aos 97 anos estava lúcida, compondo uma música sobre Santa Maria Madalena dentre as centenas de seu acervo. Ameniza a saudade, quando visitamos o Museu do CNSD e sentimos a vida de Ir. Loreto presente em cada pedra, fotos e documentos escritos. Vale a pena conferir e valorizar a estrela que brilha sobre nossa cidade!

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