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Mulheres no poder

Às vésperas de sua investidura como presidente da República, Michel Temer foi censurado...

Aristóteles Atheniense
Publicado em 16/06/2016 às 21:34Atualizado em 16/12/2022 às 18:27
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Às vésperas de sua investidura como presidente da República, Michel Temer foi censurado pelo fato de não incluir mulheres em seu ministério. Logo, a socióloga Eva Blay, professora aposentada da USP, bradou: “Vamos ter que começar a lutar de novo. Vai ser um desperdício de energia. Estávamos num patamar que podia avançar muito mais. É um atraso”.

Na ditadura militar do general João Figueiredo (1979/1985), tivemos a nomeação da ministra Esther de Figueiredo Ferraz, já falecida, para a pasta da Educação e Cultura.

No mandato de Fernando Collor, coube à questionada Zélia Cardoso de Mello a titularidade da pasta da Economia, Fazenda e Planejamento, enquanto que na governança de Itamar Franco a paraibana Luíza Erundina ocupou o Ministério da Administração Federal.

Se essas experiências foram satisfatórias, o mesmo não pode ser dito em relação a Dilma Rousseff quando ministra da Casa Civil e suas sucessoras, Erenice Guerra e Gleisi Hoffmann, atualmente indiciadas na Operação Lava Jato.

A história registra a presença de mulheres que se destacaram como presidentes e ministras, a exemplo de Indira Gandhi, Margareth Thatcher, Hillary Clinton, Rigoberta Menchú, Aung San Suu Kyi, essas duas últimas detentoras do prêmio Nobel da Paz. Isso sem se falar em Ângela Merkel, reconhecidamente a mulher mais famosa na atualidade.

Mas não faltaram outras como Cristina Kirchner e Corazón Aquino, cuja presença foi marcada pelos abusos cometidos em seus mandatos.

A resposta de Michel Temer não tardou com a indicação de Maria Silvia Bastos Marques, que substituirá Luciano Coutinho à frente do BNDES.

Maria Sílvia já foi diretora daquele estabelecimento na gestão Collor, havendo atuado na privatização da Embraer e no setor petroquímico. Trabalhou, ainda, na negociação da dívida externa, sendo que nos anos FHC integrou o Conselho de Administração da Petrobras.

Já no setor privado, destacou-se como presidente da CSN (1996/2002) e da Icatu Seguros. Granjeou prestígio como secretária da Fazenda na prefeitura de Cesar Maia, havendo, ainda, presidido a estatal carioca que coordena a execução e coordenação dos jogos olímpicos.

Lecionou Economia durante oito anos na PUC do Rio, havendo concorrido para a formação de economistas ortodoxos ou liberais, que tiveram grande influência na política econômica em 1990. Atualmente, é viúva de Rodolfo Fernandes, ex-diretor de Redação do jornal “O Globo”, falecido em 2011.

Não há como censurar Michel Temer por não haver ainda recrutado mulheres para o seu ministério experimental. No momento, a sua preocupação maior consiste na formação da base parlamentar.

Vale lembrar que para o Supremo Tribunal Federal já foram nomeadas três ministras, sendo que a próxima presidente da Corte, a partir de setembro, será a mineira Cármen Lúcia Antunes Rocha.

Dorothea Werneck, que foi ministra do Trabalho e da Indústria e Comércio, indagada a respeito sobre a suposta omissão de Temer, foi incisiva: “Tem que ser mulher competente, até porque temos um exemplo recente trágico”. Desnecessário seria a referência nominal à pessoa subentendida, que ainda pretende retornar ao Planalto...

Daí não se poder afirmar que haja de parte do atual Presidente qualquer prevenção contra as mulheres, sendo admissível que, tão logo efetivado no Planalto, quando deverão ocorrer possíveis mudanças, uma mulher respeitada e de reconhecida aptidão venha a integrar o novo ministério. 

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do iamg, presidente da AMLJ

Twitter: @aatheniense

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