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Brasília em chamas

O que era para ser uma simples investigação para apuração de lavagem de dinheiro...

Paulo Leonardo Vilela Cardoso
Publicado em 01/06/2016 às 19:20Atualizado em 16/12/2022 às 18:40
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O que era para ser uma simples investigação para apuração de lavagem de dinheiro por empresas que geriam postos de gasolina em 2014 tornou-se uma das maiores operações de combate à corrupção de todo o mundo, especialmente por ter atingido a base dos maiores partidos políticos, seus gestores, empreiteiras, deputados, senadores, ex-presidentes e a Petrobras S/A, sendo conhecida por todos como Operação Lava Jato.

De lá para cá, os efeitos foram devastadores e implicaram em prisões de diversos articuladores, suspensão de contratos, renúncias e cassações de mandatos públicos, e até mesmo, de forma indireta, no processo de impeachment da Presidente da República. Neste último caso, mesmo que a Câmara e o Senado tenham levado em conta as pedaladas fiscais como motivo suficiente para o acolhimento da Denúncia, as notícias de financiamento da campanha presidencial de 2014, com dinheiro “sujo” e frutos de desvios, foram fatores que rebelaram a sociedade a apoiar a saída da então Presidente.

Muitos acreditavam que a saída de Dilma Rousseff seria fator mais que suficiente para abrandar os ânimos dos Denunciantes e da Polícia Federal, e por fim as chamas e labaredas que dia a dia incendiavam e destruíam as bases de um governo cuja gestão estava sob o seu domínio nos últimos 13 anos; ledo engano! A partir da saída da Presidente, as chamas e o calor da sociedade aumentaram, não por defender a sua permanência, mas sim por terem os brasileiros verificado que o mal e os tumores que atingiam o corpo da corrupção nacional ainda estavam no poder. Tanto assim, que não demorou semanas para que ministros escolhidos pelo Presidente em exercício renunciassem ao cargo face ao evidente envolvimento com as tramas já investigadas pela Polícia Federal. Bastaram as gravações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em sede de delação premiada, para evidenciar a participação de outros grandes políticos na tentativa de obstruir o trabalho da Polícia e do Ministério Público Federal.

Sem dúvidas, as labaredas cresceram a ponto de evidenciar o suspense daqueles que, eufóricos e perdidos em meio à fumaça, tentam se safar saltando deste enorme arranha-céus da política, enquanto outros gritam e clamam por socorro com medo de ser consumidos pelas chamas lançadas pelas sentenças do juiz Sérgio Moro.

Enfim, o incêndio da corrupção, nascido em um pequeno posto de gasolina, hoje ganha proporções estratosféricas, culminando em um dos maiores desastres da política brasileira. Muitos comentam, nos bastidores, que esta grande operação gerida com sucesso pela Polícia e o Ministério Público Federal deveria até mesmo mudar de nome. De Operação Lava Jato para operação Joelma 1974, lembrando ser o nome do edifício e do ano em que ocorreu um dos maiores e trágicos incêndios já vistos pelos brasileiros. Salve-se quem puder.

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