ARTICULISTAS

As manias de todos nós

Desde criança ouço dizer que de santo, poeta e louco cada um tem um pouco...

Padre Prata
Publicado em 22/05/2016 às 10:54Atualizado em 16/12/2022 às 18:47
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Desde criança ouço dizer que “de santo, poeta e louco cada um tem um pouco”.

Os totalmente loucos não são tantos, mas em “fronteiriços” tropeçamos com frequência.

Por uma questão de delicadeza, nós os chamamos de sistemáticos. Há um termo mais forte quando apelamos para o “maníaco”, mas aí já é ofensivo.

Os sistemáticos são assim chamados porque têm um sistema de vida do qual não se libertam. Esse peculiar sistema de vida são as manias de cada um de nós. Todos nós somos sistemáticos, uns mais, outros menos. No fundo, são esquisitices que chamam a atenção ou provocam risos.

A História está cheia de maníacos famosos. São centenas. Luiz XIV era um deles. Não tomava banho nunca. Dizia que a água abre os poros da pele e por ali entram os miasmas das pestes. Devia exalar um perfume de provocar vômitos, mas era rei... A seu lado, assim mostram as pinturas, havia sempre dois fâmulos com leques enormes, usados mesmo em tempo de frio. Não era luxo, era para disfarçar “o bodum” mesmo (meu pai, quando morávamos na fazenda, usava o termo “inhaca”).

Cleópatra só tomava banho em leite de cabra. Era feia, com um nariz exageradamente adunco. Dos efeitos positivos do leite cru de cabra nunca soube. Sei apenas que conquistou o imperador romano (ou foram dois?). Jânio Quadros gostava de falar empolado. Perguntado por que fizera tal tipo de pergunta a um magistrado, respondeu: “Fi-lo porque qui-lo”.

Diz a História que, certa vez, inesperadamente, o Rei Luiz XIV adoeceu. Tremuras, febre, dor no corpo. Assustou a Corte. Organizaram uma equipe dos melhores médicos de Paris para examinar o rei. Antes de tudo foi receitado um banho. O Rei se negou e ameaçou todo o mundo. Pegaram-no à força e deram-lhe um banho. Todas as portas e janelas foram fechadas durante quarenta dias. Foi obrigado a tomar vários tipos de chás e compressas. O certo foi que o Rei sarou, mas ficou emburrado durante semanas, fechado em sua real alcova.

É claro que nem um de nós tem mania de tal envergadura. Mas, é bom que nos cuidemos de nosso modo de ser. Podemos, sem perceber, adquirir certas manias e tipos de comportamento que podem nos tornar objetos de comentários e risos.

Quando o sistemático é rico, mania leva o nome de idiossincrasia. Agora, quando é pobre, não passa de um biruta ou doidão. Seja como for, faça vez por outra uma revisão de vida. Ajuda.           

(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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