Efeito placebo é o resultado positivo gerado pela expectativa ao tomar um medicamento ou a se submeter a um tratamento. Muito se tem dito sobre os placebos como tentativa de amenizar os sintomas de várias enfermidades. Pesquisas realizadas mostram que pacientes tratados com eles apresentam melhoras semelhantes às de pacientes submetidos a tratamentos convencionais. A crença na cura opera esse efeito.
Isso ocorre na economia. A expectativa de melhora provocada por alguma mudança, ou pela possibilidade de ela ocorrer, acarreta reação positiva do mercado. Vimos, recentemente, como a iminência de um impeachment da presidente fez oscilar positivamente os índices econômicos com a queda do dólar e o aumento da bolsa de valores.
Pois bem. O Brasil agora espera ansioso pelo desfecho, para saber se o vice assume ou se a presidente continua no cargo. No caso de o Senado optar pelo afastamento da presidente, entra um novo governo, não eleito pelas urnas, com prazo máximo de permanência de 180 dias, se não for efetivado, e com outros assessores e ministros. Num primeiro momento, o efeito dessa mudança será positivo, pois haverá esperança de melhora, com o resgate imediato da credibilidade, tão distante do nosso cenário nos dias de hoje. Tudo conspirará a favor: o novo, a expectativa, a aposta. Mas esse momento será fugaz. Os movimentos sociais, sempre ligados à esquerda radical, são avessos às novidades e se posicionarão fortemente contra o novo estado de coisas, incitados à violência por dirigentes do partido prestes a perder o poder. Preocupante e temerário. Ao vice que virar presidente muito será cobrado e seu pouco tempo será adversário poderoso. Não existe milagre nessa hora. O efeito placebo tem prazo de validade. A euforia da mudança se perderá facilmente se reformas estruturais não forem implementadas.
É importante entender e, rapidamente, que a situação econômica do país é catastrófica. O endividamento é recorde e não dá mais para fazer o jogo do faz de conta, enganando a plateia e pintando um mundo encantado, utópico e inexistente. A previdência gera rombos assustadores ano após ano, a saúde pública está sucateada e a recessão veio para ficar. Para mudar tudo isso é preciso ousar e enfrentar um modelo político viciado que só vota pensando em interesses pessoais e não admite nenhum tipo de sacrifício próprio, nem por uma causa maior.
Urgência é a palavra de ordem. O quadro é desanimador, mas estou convicta de que vale a pena tentar.
