Impeachment é a solução?

A História é constituída da alternância de avanços e recuos e, quando vejo o que estamos vivendo em termos políticos, recuo ao impeachment do presidente Collor.

Era ano de 1992 e eu, professora da Escola Municipal Boa Vista. Lembro-me que cheguei para dar aulas no dia seguinte e quis fazer daquele dia uma data especial. Pedi, logo de manhã, à direção daquele estabelecimento que me permitisse fazer uma Hora Cívica extraordinária (Lembrando que, à época, havia uma disciplina denominada Educação Moral e Cívica...).

Permissão concedida, solicitei aos alunos de uma turma de quinta série que escrevessem como percebiam a situação política do país e, embalada pelo espírito da interdisciplinaridade, solicitei à professora de Português Rosa Rossi que selecionasse algumas para serem lidas no auditório.

Ato seguinte, na hora do intervalo, perfilamos os alunos no pátio, ouvimos o Hino Nacional, eu proferi algumas palavras e Cláudio, filho da professora Olinda, leu sua redação, emocionando a todos os presentes.

Como eu gostaria de ter filmado aquela cena ou guardado aquela redação para usá-la posteriormente, em momentos como o que ora vivemos!

Por outro lado, naquela época, eu não tinha noção de que viveríamos situações “nunca antes vividas na História deste país”.

Infelizmente, aquele impeachment não resolveu a corrupção e o mau uso da máquina política. Hoje, depois de 23 anos, o que mudou?

Eu, mais velha e muito menos esperançosa.

O brasileiro, mais sofrido.

O Brasil, mais desacreditado aos olhos do mundo.

Nossa economia, mais devastada.

Nossa Saúde, mais sucateada.

Nossa Educação pública, em situação vergonhosa, dando vontade de chorar diante de reportagens que mostram as condições de muitas escolas em regiões menos desenvolvidas do país.

Se deputada eu fosse, com certeza o meu voto seria sim para a continuidade do processo de impeachment. Não por achar que ele seja a solução, mas por não acreditar que nossa presidenta também o seja, com seus discursos desconexos, que em nada perdem para os dos doentes mentais em surto.

O que será do nosso país? Quem irá redimi-lo?

O que cada um de nós – eu e vocês –, caros leitores, pode fazer enquanto cidadão comum que trabalha e entrega, ano após ano, quatro meses de nossos salários para pagamentos de impostos e taxas, que, não preciso nem nomear, porque o sabemos de cor e salteado, não serão bem empregados?

Deus, salve o Brasil, porque dos homens, principalmente os políticos, eu nada espero!