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Fim de semana decisivo

Guardo como relíquias históricas dois exemplares da revista Isto É, de 21/03/1990...

João Eurípedes Sabino
Publicado em 15/04/2016 às 19:36Atualizado em 16/12/2022 às 19:19
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Guardo como relíquias históricas dois exemplares da revista “Isto É”, de 21/03/1990 e 30/09/1992. Em ambas as capas constam fotos de um jovem presidente da República. Na primeira, com o nariz arrebitado, ele sobe a rampa do Palácio do Planalto, e na segunda, cabisbaixo, prestes a enfrentar o “impeachment”. Era Fernando Collor de Mello, que, no dia 29/12/1992, pediu renúncia, interrompendo o seu processo. O que veio depois, sabemos todos.

Lembro-me dos arroubos e bravatas do presidente em declínio, bradando como se naquela queda de braço seus adversários seriam todos derrotados. Tanto que chamou a sociedade para se vestir de verde-amarelo e sair às ruas a fim de demonstrar com quem estava a verdade. O tiro saiu pela culatra e hoje Collor penitencia por ter cometido esse erro tático.

A Lei do Retorno não brinca: protagonistas, autênticos “gênios do mal” e conspiradores de ontem para ver Collor na lona, hoje, estão exatamente no olho do furacão. Lembro-me de ver o menino da Casa da Dinda literalmente sitiado. E hoje, o que vemos? Asseclas de Dilma Rousseff cruzam o Brasil de jato para reunir forças e minar o seu “impeachment”. Quem está pagando a conta?

Só a morte se equipara à notícia de que a Comissão do Impeachment aprovou o relatório de acusação. Resultad 38 votos a favor e 27 contra. Agora segue a votação para iniciar ou não o “impeachment”. Enquanto isso, dividiram a Esplanada dos Ministérios em Brasília por um quilométrico tapume metálico. Há quem o tenha apelidado de “Tapume da vergonha”.

Mecanismos de defesa, dos mais variados possíveis, a fartos institutos de ataques têm sido as ferramentas usadas pelos políticos para encobrir o óbvio e pôr a descoberto rombos inconfessáveis. E o imbróglio continua com prisões aqui e ali, debandada de deputados, decisões apressadas de tribunais, indiciamentos de figurões, e o brasileiro de bem, coitado, amarga decepção.

Sou radiófilo e tem me causado surpresa ouvir na madrugada, como nunca ouvi antes, um casal transmitindo via AM, com sinal limpíssimo e em castelhano, tudo o que está acontecendo no Planalto. Será a expansão continental da nossa crise, com “hermanos” querendo ver “nuestro circo pegando fuego?”

De uma coisa não podemos reclamar. Estamos tendo aulas nobres de Direito, como nunca antes tivemos. Nem todos os dias vemos um Miguel Reale Jr., Ives Gandra Martins, Fábio Konder Comparato, Carlos Veloso, Sydney Sanches, Aristóteles Atheniense, Hélio Bicudo e outros, também de notável saber jurídico, mostrar suas cátedras. Aliás, um parecer jurídico deles vale “o-u-r-o”.

Oxalá as coisas se resolvam para o bem, e não para o mal da nação. Se para Dilma Rousseff “A vida quer é coragem” (ver sua biografia), o momento é mais do que oportuno para demonstrá-la. Eis o fim de semana decisivo.

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