Pai! O que é lavagem de dinheiro?, perguntou Joãozinho, um menino de cinco anos...
“Pai! O que é lavagem de dinheiro?”, perguntou Joãozinho, um menino de cinco anos, ao pai em mais uma de suas indagações próprias da idade. O pai, que possuía um pequeno sítio, não deu liga para o garoto e continuou à beira do mangueiro de chão batido. A cerca limítrofe era feita de lascas de madeiras a baixa altura e completada com arames farpados.
“Pai! O que é lavagem de dinheiro?”, insistiu Joãozinho, querendo a resposta como se por trás da sua curiosidade tivesse alguma coisa.
O pai, com seu silêncio providencial, na verdade estava buscando em si mesmo uma resposta convincente para dar ao filho, porque o pirralho não era de deixar por menos. Enquanto isso, espigas de milho eram jogadas e a porcada corria aos quatro cantos para se alimentar. “Cúchi! Cúchi! Cúchi!”, gritava o pai amistosamente à vara.
“Pai! O que é lavagem de dinheiro?”, persistiu Joãozinho, já quase duvidando da capacidade do pai para respondê-lo. “Calma, Joãozinho. Antes de lhe responder, eu quero saber de uma coisa: por que você quer a resposta, se todos os dias eu trato dos porcos e você está por perto? Você vê a lavagem que eu dou a eles e vem me perguntar logo isso?”
“Pai. É que todos os dias eu vejo o senhor dar lavagem para os nossos porcos e eu nunca vi uma coisa”. “Qual é a coisa que você nunca viu, meu filho?”. “Pai, eu nunca vi o senhor dar lavagem de dinheiro para a nossa porcada. Por quê, se toda hora tem alguém falando nos rádios e na televisão em lavagem de dinheiro? Nós somos tão pobres assim que os nossos porcos não merecem comer essa tal lavagem?”, respondeu Joãozinho, causando perplexidade ao seu pai.
Com a sabedoria que tem todo homem do campo, seu Antonio, pai de Joãozinho, envolve o menino com um abraço, se sentam numa pequena tora, ali deitada ao lado da cerca, passa o filho pro colo e manda essa com doçura para fazê-lo entender: “Lavagem de dinheiro filho é aquela que os porcos nunca irão comer e os homens sem caráter disputam pra fazer”.
“Ah... sei. Então aqui em casa não entra lavagem de dinheiro, pai?”, posicionou Joãozinho. “Não filho. Não entra e nunca vai entrar. De mim você jamais terá esse exemplo. Nossos porcos só comerão restos de comida. Dinheiro eles nunca comerão!”. Leitor(a), entenda como puder.