Lei de Repatriação

Criada pelo governo federal, a Lei de Repatriação possibilita trazer de volta para o Brasil valores que estejam no exterior, abrindo mão para os cofres federais de cinquenta por cento do que for repatriado. Simples, assim. A lei permitirá ao governo uma arrecadação de bilhões de reais e, ao mesmo tempo, representará enorme prejuízo, pois o que está lá fora, em grande parte, foi afanado de cofres públicos, salvo melhor juízo.

O que o governo colocou nos trilhos foi um trem da alegria que beneficiará aqueles que, para encherem o próprio bolso, o de terceiros e de partidos políticos, abusaram dos cargos que ocupam em alguma estatal. Só na Petrobras, o desvio foi na casa de bilhões de reais.

A mídia tornou pública a seguinte nota: “A declaração de Mônica Moura, mulher de João Santana, de que aguardava a Lei de Repatriação para declarar recursos preocupa agentes públicos. Eles temem um salvo-conduto a beneficiários do Petrolão ainda não identificados”.

Não se afirme que todo dinheiro de cofres de bancos no exterior seja ilícito. Mas é possível que muito do que foi tirado de empresas do governo esteja nos mesmos cofres onde possa estar dinheiro ganho licitamente. E, em volume, o ilícito é muito superior ao lícito.

O prejuízo da Petrobras em 2015 foi de trinta e quatro bilhões e oitocentos milhões de reais. Esse prejuízo, se somado ao de 2014, alcança mais de cinquenta bilhões de reais, valor que não é consequência apenas do preço do petróleo.

Durante um tempo, foi tão importante administrar o desvio de recursos efetuados pelos políticos e partidos, que o governo se esqueceu de zelar dos interesses daquela que foi a maior empresa do país e uma das maiores do mundo. Deu no que deu. E não resta dúvida de que quem vai pagar por tudo isso é o povo, mais uma vez.