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Quero, posso, devo: eis as questões

Quero? Posso? Devo? Essas três palavras são para muitos um coquetel de palavras...

Julia Castello Goulart
Publicado em 18/03/2016 às 20:15Atualizado em 16/12/2022 às 19:41
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“Quero? Posso? Devo?” Essas três palavras são para muitos um coquetel de palavras mágicas, tanto quanto para outros servem como maldiçoes. Já que elas nos impedem de agir por impulso, elas são odiadas pelos propagandistas. Não acredito que essas palavras sejam mágicas e nem que devemos correr delas, mas acho que elas possuem uma forma de nos levar a refletir antes de praticarmos muitas ações, que podem mudar o trajeto na sua e na nossa história.

Essas três palavras nos levam, muitas vezes, a um beco sem saída. O que “eu quero” e o que “eu posso” é muito individual, mas e o que devo? Devo seguir as leis do meu país, mesmo que elas mudam de uma fronteira a outra? Devo seguir as minhas próprias leis, mesmo que variem da minha religião, da minha cultura, da minha época? Devo seguir aquilo que é imposto a mim, que os outros considerem o correto, mesmo que eu não considere? Devo seguir o que diz a minha religião, mesmo que não seja igual à do outro ou mesmo daquele que não possui uma?

Parece que vivemos em uma grande época de contradições entre a igualdade e a liberdade, o coletivo e o privado, o certo e errado, o belo e o feio. Mesmo que a nossa sociedade estipule padrões, e exista o politicamente correto, nós defendemos a liberdade de nos expressar. Mas até onde vai essa liberdade? A cada dia se vê mais violência tanto na realidade virtual como fora dela. As pessoas julgam , agridem, insultam, difamam outras, com a desculpa de estar desfrutando da sua liberdade de expressão. Para além de concordar com “a sua liberdade termina onde começa a liberdade do outro”, é perceber que usar da nossa liberdade para impor o que é certo o que é errado, o que é bonito e feio, o que pode e não pode, e até no que gosta e não gosta, faz com que tiramos a liberdade do outro. Assim o quero, o posso e o devo precisam uma da outra. Não posso fazer só o que quero, só o que posso e só o que devo também.

O mundo, apesar de tão individualista, ainda precisar pensar no coletivo, pois viver com outra pessoa é ser mais de um único quero, um único posso, e um único devo. O mundo vive de relações entre seres humanos que, apesar de serem da mesma espécie, possuem gostos, poderes e deveres diferentes. Às vezes precisamos emprestar a nossa alma a outro corpo para entendermos as diferenças e assim respeitar e permitir que o outro seja livre, como eu defendo ser. Que não posso causar sofrimento alheio só porque ele não me atinge. Deveríamos querer, já que temos o poder de espalhar, uma liberdade diferente de muitas “revoluções” por aí, uma liberdade de todos.

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