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Que calor

Luiz Cláudio dos Reis Campos
Publicado em 01/03/2016 às 08:45Atualizado em 16/12/2022 às 19:49
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 Que calor

Domingo saindo do forno. Verão em brasa. “O inferno é aqui mesmo”, Terra do Vilela. Tenho tanto calor por ela. Temperatura nas alturas, como de costume. Lembro-me de uma passagem onde um amigo me dizia que quando alguém chegou e logo disparou a seguinte indagaçã “Nossa, este calor daqui não incomoda?”. E ele respondeu: “Não, incomoda mesmo é quem vem de fora e pergunta se o calor incomoda, ora bolas, quem não sabe que aqui é quente como chapa ardente, abafado com o sopro morno do vento calmo que às vezes aparece para desorientar a tela de paisagem natural que a vegetação imóvel nos oferece. Tela de natureza morta, sem movimento. Asfalto brilhante recebendo a visita do sol para a devida calefação de qualquer líquido que nele goteja. Somos do polo quente”. De perto da ponta do nariz, promontório que adentra por outros estados como enclave e exclave, dependendo de onde se enxerga. Esta ponta é o Triângulo. E é nele que se encontra o canto que me refiro e que revisito. E ao passar pela praça revi, como imagens congeladas, passagens interessantes que me trouxeram boas recordações. Recordo várias, muitas hoje politicamente incorretas que não me atrevo descrever aqui. Aliás, essa história de politicamente correto, estou com Frei Beto. Lembro-me de algum comentário seu em relação a denominações e conceitos que não se muda. Enfim, creio em demasiado zelo e até hipocrisia em determinados termos que se falam e são considerados politicamente corretos. Bom, voltando ao tema quente do calor envolvente da terra de gente quente, lembrei-me de comentário que fazíamos ao falar um pouco de literatura e de um dos filhos ilustres da cidade, Luiz Vilela. Falávamos que o título de um de livro seu “O inferno é aqui mesmo” devia ter inspirado em sua cidade, porque o calor infernal encaixava perfeitamente com o nome do livro. Entretanto, obviamente o livro não tratava do intenso calor e sim um relato de sua experiência como jornalista no Jornal da Tarde em São Paulo. O livro lhe deu dor de cabeça e muita repercussão. Teve gente que quis mover processo contra Luiz. “Este não é um romance, é uma vingança pessoal”, disse um articulista. Quem leu o livro sabe que Vilela deu rota do inferno para quem não esperava que lá, houvesse confissões. Porque confissão não é coisa de inferno. E da terra, que ainda me encontro o melhor calor de cá é o humano. Bom voltar aqui.

Luiz Cláudio dos Reis Campos

Engenheiro

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