Uma fábula de Jean de La Fontaine chamada “O Leão e os outros animais” conta que, em tempos recuados, a novilha, a cabra e a mansa ovelha fizeram uma sociedade com o senhor Leão. Teriam em comum os lucros e as perdas. Conseguiu a cabra apanhar um veado, e os sócios logo foram chamados a receber seu quinhão. O Leão então disse: - somos quatro que temos direito e dividiu a presa em quatro partes. Tomou a primeira e disse: deve ser para mim, porque sou o leão, e isso ninguém pode contestar. A segunda também me pertence, por direito, pois é o direito do mais forte. Exijo a terceira porque sou mais valente e se alguém desejar a quarta será despedaçado por mim. Fim de papo. Qualquer semelhança com o Leão brasileiro não é mera coincidência.
O Brasil tem a maior carga de impostos da América Latina e uma das mais altas do mundo. Em 1986, essa carga tributária representava 22,39% do PIB e em 2015 pulou para 35,7% do PIB. E aí vem a pergunta: em que melhoramos? Em nada. Continuamos sem segurança, sem saúde pública compatível com as necessidades da população, sem estradas decentes e seguras e com um sistema educacional que não atende aos requisitos básicos de educar bem. O que o Estado nos devolve pelo que pagamos é pífio, irrisório, mal-administrado, vergonhoso. Continuamente, vemos pessoas morrendo nas filas de hospitais e hoje sofremos com as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, que viceja sem controle, epidêmico. Faltam vacinas em vários Estados brasileiros e pessoas morrem por omissão e incompetência administrativa dos governos.
Mas e o Leão? Continua cada vez mais voraz. O alimento da vez é a já testada e reprovada CPMF, imposto injusto que incide em cascata sobre a cadeia produtiva, e cuja aplicação nunca foi bem explicada. Mas a presidente o defende com unhas e dentes, com perdão do trocadilho. Sem falar na desfaçatez do governo em não corrigir a tabela do Imposto de Renda das Pessoas Físicas o que faz com que o trabalhador seja penalizado e chamado a contribuir compulsoriamente com valores incompatíveis e crescentes, para suprir um governo sempre às voltas com escândalos de corrupção e pródigo em gastos com mordomias. Um absurdo. Mais uma injustiça do famigerado, complicado e guloso sistema tributário brasileiro. E os Estados não ficam atrás, como vimos recentemente em Minas Gerais, cujo governador mal entrou e já elevou nosso ICMS.
Daí que me sirvo da fábula. Se os bichos se unissem conseguiriam, com certeza, vencer o Leão. Não podemos aceitar mais um aumento de impostos. Nada justifica elevar nossa carga tributária. Precisamos protestar, gritar nossa indignação e não permitir que o Leão nos devore. Acorda Brasil. ACORDA UBERABA!
