Recentemente, operários da Prefeitura fizeram uma grande limpeza na Praça Carlos Gomes
Novos tempos, novos costumes
Recentemente, operários da Prefeitura fizeram uma grande limpeza na Praça Carlos Gomes, incluindo poda do gramado, mais o corte muito bem feito com enxadas na borda dos canteiros, varrição geral e retirada do entulho com caminhão basculante. Além disso, com suas enxadas, cortaram o exuberante capim nascido entre as pedras portuguesas do centro da praça.
Apesar do bom trabalho, entre as pedras ficaram raízes do capim. E esse capim, com as chuvas deste início de ano, cresce rapidamente. Esse detalhe me fez voltar a lembrar dos “meninos do ferrinho”, como eram conhecidos os meninos que, empunhando um gancho com ponta bem afiada, faziam a capina entre as pedras conhecidas como paralelepípedo, usadas em todo calçamento das ruas de Uberaba nos idos de quarenta. Já mencionei esses meninos em outro texto. Havia também o calçamento com pé-de-moleque, como o que ainda existe ao lado da Igreja Santa Rita, na Praça Manoel Terra.
Um senhor bastante habilidoso organizava o trabalho de meninos maiores, que capinavam as ruas com enxadas, e o dos meninos do ferrinho, que arrancavam todas as raízes do capim. Depois, todos eles varriam as ruas capinadas. Felizmente hoje crianças não capinam ruas nem podem trabalhar. Infância é tempo de brincar e estudar. E muitas ruas da cidade ganharam asfalto, jogado por cima dos paralelepípedos e dos pés-de-moleque, o que, considerando-se o mesmo espaço, fez reduzir o tipo de serviço que se fazia antigamente na rua propriamente dita.
Com o crescimento da cidade (que caminha para 200 bairros), o uso do ferrinho ficou inviável. E a capina química, que foi uma opção há alguns anos, passou a ser proibida. (O interessante é que, embora não se possa mais usar a capina química, colocamos diariamente em nosso prato alimentos que recebem agrotóxicos.)
Administrar uma cidade exige constante adequação às inúmeras transformações por que o espaço passa através do tempo. Também a forma de pensar se transforma: o que era politicamente correto em uma época pode se tornar radicalmente inaceitável ou inviável em outra. O que não muda é a ideia de que os cidadãos esperam viver sempre numa cidade limpa e bonita, um lugar onde se sintam bem e onde possam receber, com orgulho, seus turistas.