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Novos tempos, novos costumes

Recentemente, operários da Prefeitura fizeram uma grande limpeza na Praça Carlos Gomes

Mário Salvador
Publicado em 09/02/2016 às 07:38Atualizado em 16/12/2022 às 20:10
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 Novos tempos, novos costumes

Recentemente, operários da Prefeitura fizeram uma grande limpeza na Praça Carlos Gomes, incluindo poda do gramado, mais o corte muito bem feito com enxadas na borda dos canteiros, varrição geral e retirada do entulho com caminhão basculante. Além disso, com suas enxadas, cortaram o exuberante capim nascido entre as pedras portuguesas do centro da praça.

Apesar do bom trabalho, entre as pedras ficaram raízes do capim. E esse capim, com as chuvas deste início de ano, cresce rapidamente. Esse detalhe me fez voltar a lembrar dos “meninos do ferrinho”, como eram conhecidos os meninos que, empunhando um gancho com ponta bem afiada, faziam a capina entre as pedras conhecidas como paralelepípedo, usadas em todo calçamento das ruas de Uberaba nos idos de quarenta. Já mencionei esses meninos em outro texto. Havia também o calçamento com pé-de-moleque, como o que ainda existe ao lado da Igreja Santa Rita, na Praça Manoel Terra.

Um senhor bastante habilidoso organizava o trabalho de meninos maiores, que capinavam as ruas com enxadas, e o dos meninos do ferrinho, que arrancavam todas as raízes do capim. Depois, todos eles varriam as ruas capinadas. Felizmente hoje crianças não capinam ruas nem podem trabalhar. Infância é tempo de brincar e estudar. E muitas ruas da cidade ganharam asfalto, jogado por cima dos paralelepípedos e dos pés-de-moleque, o que, considerando-se o mesmo espaço, fez reduzir o tipo de serviço que se fazia antigamente na rua propriamente dita.

Com o crescimento da cidade (que caminha para 200 bairros), o uso do ferrinho ficou inviável. E a capina química, que foi uma opção há alguns anos, passou a ser proibida. (O interessante é que, embora não se possa mais usar a capina química, colocamos diariamente em nosso prato alimentos que recebem agrotóxicos.)

Administrar uma cidade exige constante adequação às inúmeras transformações por que o espaço passa através do tempo. Também a forma de pensar se transforma: o que era politicamente correto em uma época pode se tornar radicalmente inaceitável ou inviável em outra. O que não muda é a ideia de que os cidadãos esperam viver sempre numa cidade limpa e bonita, um lugar onde se sintam bem e onde possam receber, com orgulho, seus turistas.

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