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Prática da injustiça

Estamos diante de uma expressão carregada de grandes desafios...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 07/02/2016 às 18:44Atualizado em 16/12/2022 às 20:11
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Estamos diante de uma expressão carregada de grandes desafios. A justiça é caminho de perfeição na convivência de uma pessoa com a outra. Serve para medir os limites dos direitos e deveres nas relações sociais, coisa que não é muito observado na história da sociedade brasileira. As relações são bem desiguais, criando um fosso muito alongado entre ricos e pobres.

O Papa Francisco convocou o mundo, durante o ano de 2016, para realizar um processo de misericórdia. Isto significa que a vida pode ser diferente e pautada por ações mais humanas e cristãs. Só uma realidade de mudança interior será capaz de trazer luz para uma prática diferente, com muito mais compromisso social e conseguir realizar uma justiça distributiva e partilhada.

Concluindo das palavras da bíblia, Deus julga com justiça e quer das pessoas ações também justas. Podemos dizer que todo comportamento que fere a dignidade das pessoas é interpretado como impureza e a pessoa deve passar por uma via de purificação. Impureza que pode também ser coletiva, com a conivência de muitos indivíduos, intencionados ou não.

A decadência política e econômica do Brasil, principalmente nos últimos tempos, é consequência lamentável de atitudes injustas, de riquezas mal geridas, desviadas de suas finalidades e sem cumprimento das exigências sociais. A corrupção está desgastando as possibilidades de um país melhor. Com isso, toda a população sofre com os desequilíbrios daí emanados.

Os detentores privilegiados do poder, em suas ações políticas e econômicas, devem ultrapassar o formato egoísta interesseiro de agir, e fazer o bem para o povo. Compete também ao judiciário superar o conformismo, o deixar para lá e enfrentar, sem conivência, o diabólico mundo das injustiças, superar o medo das represálias e lutar com coragem em prol da justiça.

Mas o problema é de todos nós. As injustiças estão até em pequenos atos que praticamos. No furar a fila, na falta de delicadeza com os mais velhos, no sujar as ruas, no desmatamento, na poluição do meio ambiente, no descuido com a água parada nos quintais etc. A mudança tem que ser de toda a sociedade.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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