Visão e observação

Muitos me interpelam com a pergunta: por que você se preocupa tanto com detalhes que para muitos passam em branco? Respondo que não me contento em apenas ver, pois, para mim, observar vai muito mais além.

Observo, por exemplo, a bondade das pessoas não importando suas posses ou padrão social, situações agradáveis, extravagantes e outros lances que só a pareidolia me permite. E o que é pareidolia? “É o fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado...” Complicado? Ver Wikipédia.

Olhamos nas nuvens figuras que se formam, nos impressionam e logo desaparecem! Isso é pareidolia. Simples, não?

E quem tem o hábito de ver detalhes, o que lhe acontece quando vai deixando de percebê-los? Esse é o tipo de hábito que, ao ocorrer, deixa o dono com certa melancolia. Tudo porque, ver simplesmente, é por assim dizer um ato mecânico e observar decorre do uso de uma ou mais faculdades mentais. Quando firmamos as vistas para ver melhor, aguçamos a observação e aí afloram os detalhes. Por isso, ver pode ser para todos, mas observar, não. Muitos em letargia mental e abstraídos veem, mas, não respondem pelo que estão vendo.

Ao perdermos o dom de ver, não podemos perder também a esperança, já que a visão é apenas um detalhe no universo dos nossos valores e virtudes. Nove amigos meus, antes exímios observadores e hoje sem a visão física, me ensinam que sentem a falta do olhar, mas não muito. Já se acostumaram.

Eles percebem tudo pelo radar psicológico, ou seja, usam a observação sincronizada com os seus cinco sentidos.