O que é tempo?
O tempo é fugaz, efêmero, passageiro, veloz, transitivo, transitório.
Ao longo da história da humanidade, o tempo foi percebido de maneiras diferentes pelos povos. Oriente e Ocidente - a Literatura, em prosa ou em poesia, é rica em evidenciar essas diferenças - acumulam um legado cultural na forma como apreendem o fluir dos instantes.
O tempo em si... O tempo em si mesmo escapa, escapa, na verdade, em uma possível materialidade. E os relógios? Os relógios são, como muitos estudiosos já apontaram, apenas uma marcação do tempo. Assim, o tempo seria apenas uma captação, ou seja, o tempo projetado de uma forma indireta. Sua fisicalidade não existe. O tempo existe apenas indiretamente enquanto um processo mensurável.
Seria o tempo a infeliz fluidez que prevalece sobre todas as coisas ou é a transformação que transparece e transpira mobilidade? O tempo seria apenas movimento ilusório ou seria a condenação sem concessão dos fortes e dos frágeis? O tempo é o círculo que amarra sem piedade as pontas máximas e, talvez, mínimas da vida, e ainda, o tempo é o caminho irretornável da morte.
As religiões influenciam a percepção do tempo. Observando os calendários modernos percebe-se a influência das religiões no tempo. No Ocidente, onde predomina o cristianismo, a contagem do tempo começa com o nascimento de Jesus Cristo. Este é o ano de 2016 d.C (depois de Cristo). Já para os judeus, a contagem é feita a partir do momento da criação da Terra por Deus, e assim, conforme o calendário judaico, este é o ano de 5773. E as religiões levam suas influências para além do calendário. Elas interferem no próprio conceito de tempo. Os gregos antigos usavam duas palavras para se referir ao tempo - chronos, que refere-se ao tempo cronológico e que pode ser medido, e Kairos, momento certo ou oportuno, conceito metafísico ou divino de tempo. Outras culturas antigas, como os incas e os maias, acreditavam na roda do tempo - eras repetidas e cíclicas que se sucederiam infinitamente para todos. A Bíblia, livro sagrado do cristianismo, dá ao tempo o caráter linear e finit seu começo foi a criação divina e haverá um fim – Deus, eterno.
O tempo existe? Sim, diria a maioria dos físicos. Contudo, não há como pegá-lo. O tempo pode ser percebido, mas não capturado. Ele é notado, por exemplo, no passar da vida que transforma o bebê em uma criança, um jovem em um adulto e, por fim, em um idoso, sendo o tempo um caminho irretornável que amarra as pontas da existência.
O que é tempo? O que o distingue? O que o caracteriza? A transitoriedade é um dos principais aspectos do tempo.
(*) Psicóloga Clínica
