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A dor de quem fica

Não tenho dúvida: todos já passaram por momentos difíceis na vida. Problemas financeiros...

Fernando Hueb de Menezes
Publicado em 28/01/2016 às 18:54Atualizado em 16/12/2022 às 20:19
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Não tenho dúvida: todos já passaram por momentos difíceis na vida. Problemas financeiros, desavenças em família, traições conjugais, dependência química e tantos outros que nos abalam e desnorteiam a caminhada. Mas nada, nada mesmo, pode ser mais dramático que a perda de uma pessoa querida, de um amigo próximo ou de um ente querido. A dor da partida é algo indescritível. Aquela pessoa, que esteve ao nosso lado todos os dias, por tanto tempo, não estará mais entre nós. Perdemos o chão. O abalo pode ser desastroso.

As reações são diversas e dependem do perfil, do preparo e da estrutura familiar e religiosa de cada indivíduo. Muitos colocam em dúvidas seus princípios, suas crenças e seu modo de vida. Chegam a ponto de desacreditarem suas religiões. Se entregam ao lamento, ao sofrimento e à agonia. Se fecham na amargura da desesperança, se enclausuram e podem levar meses ou até anos para se restabelecerem e se colocarem no eixo novamente.

Outros, pelo contrário, se agarram na fé e na espiritualidade. Creem que a vida é apenas passagem breve de aprendizado e evolução espiritual e que a separação é algo natural e momentâneo. Partiram para um novo estágio e que em breve estaremos todos juntos novamente, unidos pelo amor que será eterno.  Como disse o grande mentor Chico Xavier: “Ninguém morre. O aperfeiçoamento prossegue em toda parte. A vida renova e eleva os quadros múltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, à União suprema com a Divindade.”

Na verdade, não existe ainda uma explicação totalmente verdadeira para a morte. São muitas as teorias e suposições. O que realmente sei, o quanto a tristeza da perda é profunda. Sei o quanto a vida torna-se vazia quando nossos amigos e entes queridos se desligam de nós. Sei também que a hora de todos chegará e sem aviso prévio, independente do nosso desejo. Nem adianta tentar adiar. Penso que nos cabe viver o hoje, o agora. E faço minhas as palavras de Fernando Pessoa: “O próprio viver é morrer, porque não temos um dia a mais na nossa vida que não tenhamos, nisso, um dia a menos nela”.

(*) Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba; chefe de Gabinete da Prefeitura de Uberaba

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