Ainda criança, pelas mãos de meu pai, fui apresentada ao texto “Mensagem a Garcia”, e desde que me tornei adulta estou sempre à espreita, na esperança de esbarrar em pessoas que consigam entregar a mensagem a Garcia. O artigo “Uma mensagem a Garcia” foi escrito por Elbert Hubbard, em 22 de fevereiro de 1899, e se tornou famoso em todo o mundo. No artigo ele narra a história que teria se passado durante uma guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, na época em que a comunicação pelos Correios ou por telégrafo se tornou impossível e havia a necessidade urgente de garantir o apoio do chefe dos insurretos, o Garcia, que se encontrava em lugar incerto na ilha de Cuba. Foi então que aconselharam o comandante americano a chamar o único homem capaz de exercer essa missã o soldado Rowan. A ele foi confiada a posse de uma carta, com uma única recomendação, que ela fosse entregue a Garcia. Rowan tomou a carta, colocou-a em um invólucro e, depois de semanas em que enfrentou o mar e terras hostis, sujeitando-se a todos os tipos de perigo, enfim, conseguiu entregar a mensagem ao destinatário. Sem ao menos perguntar onde, como e por que, Rowan cumpriu sua missão.
Quem de nós hoje consegue entregar uma mensagem a Garcia? Quantas das pessoas que conhecemos desempenham tarefas pelo desafio da realização, alheias aos seus direitos, suas folgas, ou sua recompensa? Existe uma defesa acirrada dos direitos dos trabalhadores, o que é justo e desejável, mas quem defende o direito dos empregadores, engessados pela lei, que no intuito de proteger a todos, limita o reconhecimento pelo mérito e pela iniciativa, características que fazem a diferença. Um empreendedor arrisca seu capital, contrai empréstimos e ergue sua empresa na esperança de sucesso. Ao contratar funcionários, porém, raras vezes consegue contaminar seus contratados com seu entusiasmo. Nem todos vestem a camisa, se desdobram e contribuem para o êxito do empreendimento. Estamos carentes de solidariedade e compromisso com causas maiores que não nossos próprios interesses. O alegado desvio de função se presta a justificar quase sempre a inoperância, a preguiça, o fechar de olhos para coisas simples, que, se fossem feitas, ajudariam e muito a manter o ambiente de trabalho harmonioso e sem conflitos. É preciso ir além, fazer sempre mais e melhor.
Quando uma missão é delegada a alguém, ela tem que ser cumprida. Os que conseguem entregar a mensagem a Garcia serão reconhecidos e reverenciados, porque, com certeza, são essas pessoas que fazem a diferença no mundo. Rowan ficou famoso e talvez sem ele o desfecho da guerra teria sido outro. E o que ele fez? Apenas entregou uma carta ao destinatário.
