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O plural e o singular: formas de ser

Pelas ruas de Viena, no início do século XX, andavam povos distintos claramente distinguidos...

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 20/01/2016 às 09:36Atualizado em 16/12/2022 às 20:25
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Pelas ruas de Viena, no início do século XX, andavam povos distintos claramente distinguidos pelas suas roupas diferenciadas; agora, pelas mesmas ruas vienenses andam povos distintos, disfarçados em suas distinções pela igualdade aparente. Ninguém mais ostenta sua origem pelo vestuário; nem mesmo sua classe política, religiosa ou social. As roupas atuais mostram uma ideologia, tal como antes, mas ideologia oposta. Se antes o individualismo fazia sua ascensão, agora é a vez do coletivismo. Nada contra, o perigo é o excesso tanto de um quanto do outro.

Em 1961, o então presidente Jânio Quadros determinou a proibição de biquínis nas praias do Rio de Janeiro, sob a alegação de que os maiôs eram menos provocantes, por isso mesmo mais corretos.

Em maio de 2012 entra em vigor a Lei da Palmada, estabelecendo como “fora da lei” castigos físicos no processo educacional dos pais e seus filhos e, ainda, representando uma restrição legal à liberdade e poder dos pais sobre seus filhos. Os exemplos não param: Lei do Desarmamento, Lei das Quotas Raciais, PNDH-3 e tantos outros. A sensação recorrente é de que o Estado se agiganta, diminuindo o peso e a importância de outras instâncias sociais, como a família. Em outras palavras, o Estado com o monopólio da força e com amplas funções modeladoras em relação às instituições da sociedade, entre elas a instituição familiar, numa clara inversão, pois a família deveria ter o papel social de limitadora das propostas governamentais.

É altamente elucidativo dirigir nosso olhar para a Alemanha de 1933: o Nazismo propunha, então, mudanças significativas sociais a partir do conceito de realizar uma Engenharia Social. As crianças eram chamadas a participar da “Juventude Hitlerista”, o que significava o afastamento da vida familiar, restrita em prol do agrupamento por faixa etária em programações estendidas além das tarefas escolares, sempre sob a tutela de “Jovens Hitleristas”, com muitas diversões, brincadeiras, jogos, esportes, companheirismo e lutas corporais. Uma cena memorável: as crianças retornam para a pequena cidade depois de um dia no campo, entoando canções ativistas, seguindo um jovem ariano que carrega nos ombros uma criança ariana ultrafeliz. Uma bela e contagiante cena, que nem mesmo nossos atuais e bem formados marqueteiros não duvidariam um minuto em copiar.

O que poderia ser analisado como propostas insensatas de um Legislativo ocioso, devido à sua expansão numérica exagerada, deve ser retomado prudentemente como base de ideologia totalitária, pretendendo deter o poder supremo ao ditar normas éticas e morais ao mesmo tempo em que se torna o Pai de todos.

(*) Psicóloga e psicanalista

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