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Todos iguais

Ao olhar para a identidade das pessoas, podemos descobrir que a existência humana...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 09/01/2016 às 20:49Atualizado em 16/12/2022 às 20:33
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Ao olhar para a identidade das pessoas, podemos descobrir que a existência humana apresenta formas diversas de ser. Dizemos que, perante Deus, somos iguais, todos criados à sua imagem e semelhança. Essa realidade só tem sentido na visão do cumprimento do direito e da justiça. Mas a visão, que vem do mundo, é outra. As relações são de poder entre desiguais, que afeta cada pessoa na convivência social.

Não é fácil realizar um projeto baseado totalmente na justiça e no direito, que evite violência e desarmonia nas relações fundamentais entre os “desiguais”. O capricho do egoísmo é massacrante e distancia as pessoas, cria isolamento e individualismo. O fechamento impede o indivíduo de enxergar as necessidades vividas pelos impossibilitados de relações fraternas, e os nivela por baixo.

Os projetos humanos não deveriam ser diferentes dos que são de Deus. Os fundamentos da Palavra de Deus remetem para o serviço aos mais necessitados. Esse é o caminho que nos torna semelhantes ao Criador, porque indo ao encontro dos mais fragilizados da sociedade, estaremos indo na direção de Deus. Ele nos acolhe nos pobres e no serviço prestado a eles.

O projeto de Deus inclui e une. O mundo tem facilidade para separar ricos de pobres, melhores de piores, fortes de fracos, brancos de negros, urbanos de rurais etc. Somos desiguais quando privilegiamos alguns e desprezamos outros, causando uma sociedade de desiguais, ou até de inimigos, de um agredindo outros com práticas violentas.

É lamentável conviver com preconceitos humanos, com barreiras que impedem a convivência e fragilizam a vivência do amor fraterno. No cume de toda diferença está a briga pelo poder e pela “prosperidade” econômica. A desonestidade passa a ser a alma da desigualdade, porque tira a possibilidade de condições de vida digna para muita gente.

O vírus do poder consegue infectar muitos privilegiados. É uma tentação constante e contínua. Isso seria saudável se houvesse também o vírus da fraternidade e da preocupação com a justiça social. Pelo menos criaria possibilidade de igualdade entre as pessoas. Seria até bom pensarmos, quais são os nossos preconceitos que geram desigualdade?

(*) Arcebispo de Uberaba

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