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Voltasse a ser bela

Um dia, se ouviu que: Conhece-se a cultura de um povo pela música que ouve...

Manoel Therezo
Publicado em 27/11/2015 às 20:18Atualizado em 16/12/2022 às 21:05
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Um dia, se ouviu que: “Conhece-se a cultura de um povo pela música que ouve”. Uma filosofia não tão verdadeira quanto; “O ambiente faz o meio”. A natureza da música que um alguém ouve, canta e gosta, diz muito de seu meio ambiente. Conversando com um jovem motorista de um médico, falou-me que enquanto esperava pelo doutor, curiosamente ouvia no toca fita do carro, algumas gravações de músicas clássicas de propriedade daquele profissional. Disse-me que de início, as achou horríveis, insuportáveis — mas que depois de ouvi-las por outras tantas vezes, passou a admira-las, a ponto de quase não mais saber explicar, como suportar as músicas de sua geração. D’outra feita, meu irmão (hoje falecido), sabendo que eu gostava, gravou a apresentação que os três tenores; Carreras, Domingos e Pavarotti, salvo engano, em 1970, fizeram após o final da Copa do Mundo. Nós dois, (ele por elegância), por algumas vezes, ouvimos aquela gravação. Nas primeiras vezes, ele ainda com a mesma elegância, suportava as minhas observações e por certo também, aquela “Maldita gravação”. Ao final de algumas repetições, passou a ouvi-las com diferente aceitação, comparada às primeiras vezes. Indubitavelmente, começava a imperar a verdadeira força do “Meio ambiente”. Não se intenta que se ouça tão só a música clássica cantada ou orquestrada. Nada disso... Há clássicas horríveis, como também, vozes sem beleza alguma. Também não se pode contestar, que a geração atual, vem descaracterizando a nossa música que se descamba para uma pobreza poética e para uma vergonhosa pornografia. Parece que para salvar o que ainda resta, é oferecer à criança de hoje, um “Meio ambiente” que lhe dê formação musical diferente, enriquecendo o mundo da música no amanhã. Que também, a imprensa e os medíocres da televisão, participem desse propósito, deixando de nominar aqueles saltitantes com microfone dentro da boca de Cantores e, os beijoqueiros das novelas de Famosos e Celebridades. Lógico o que se pretende, é a qualidade de música e não de vozes — muito menos, à semelhança de Maria Callas, Renata Tebaldi, Montserrat Caballé, Carmem Monarcha, Agnaldo Rayol, Sergio Reis, Leonard Warren, José Carreras, Plácido Domingos, Luciano Pavarotti — mas, tudo pode acontecer. O que se exalta, é o sentido do “Meio ambiente/ Cultura musical”. Maravilhosos esses dois claros momentos que o computador nos mostra. Solicite no Google; Amira Willighagen - no show de André Rieu. Uma criança com 9 anos interpretando “O mio babbino caro”. Clique no quadro 7:52. Também, Jackie Evancho (quadro 3:54). Que o Senhor numa dádiva piedosa, findasse o Rock in Rio e as insuportáveis duplas, para que a nossa música, “Voltasse a ser bela”. 

(*) Professor emérito da Faculdade de Odontologia (Uniube)

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