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Chuva e fertilidade

Cada fase da história tem marcas bem precisas. As coisas mudam, mas a natureza continua...

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 07/11/2015 às 20:10Atualizado em 16/12/2022 às 21:26
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Cada fase da história tem marcas bem precisas. As coisas mudam, mas a natureza continua, mesmo tomando formas diferentes, provocadas pela ação das pessoas. No passado houve momentos, ora de muita chuva, ora de muita seca. Mas nos últimos tempos a seca tem sido frequente, influenciando profundamente na fertilidade da terra, causando a desertificação.

É da terra que as pessoas tiram seu sustento. O dom da fertilidade pertence ao Criador, que fez tudo na devida ordem. No entanto, cuidamos de forma desordenada, e até desonesta, da natureza produtiva, desviando sua finalidade. Basta ver que quase não existe mais a economia familiar! Tudo vai se transformando em trabalho de monocultura e de agronegócio.

A forma como a terra tem sido usada vem causando profundas consequências para a natureza. A fauna e a flora já não são mais como no passado, e tudo está ficando diferente. Nem a chuva acontece nos tempos normais, porque a natureza tem sido agredida. No dizer do papa Francisco, estamos na iminência de “grandes catástrofes localizadas”, e já estão acontecendo.

A cultura economicista, prática usada nos últimos tempos, não tem sido generosa para com a natureza. Isto está muito claro na atuação dos setores da mineração, da atividade imobiliária e na agropecuária. O agronegócio tem seu lado positivo na economia do país, mas causa muita destruição, acabando por destruir o ser humano, a ecologia humana.

Sabemos da potencialidade da natureza, de sua capacidade impressionante de recuperação, mas isso tem que ser favorecido pela atividade do ser humano, evitando práticas agressivas contra ela. Nunca é tarde para mudar as coisas, mas tem que acontecer antes que seja tarde demais. A natureza nunca perdoa os erros cometidos contra ela e reage na proporção de seu sofrimento.

Sofremos as consequências da falta de chuva, que vem dificultando a fertilidade da terra, privando muitos trabalhadores de conseguir o necessário para sua sobrevivência. Não é impossível mudar as práticas e transformar a “casa comum” num ambiente saudável e em condição de vida digna para todas as pessoas.

(*) Arcebispo de Uberaba

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