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E a Amazônia continua queimando

Ouvi de uma senhora que teve todos os pertences que possuía serem levados...

Maria Aparecida Alves de Brito
Publicado em 06/11/2015 às 21:20Atualizado em 16/12/2022 às 21:26
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Ouvi de uma senhora que teve todos os pertences que possuía serem levados pelas águas da última enchente que castigou o Rio Grande do Sul, a seguinte frase: “Só Deus mesmo”. Senhora, Deus já fez a sua parte nos dando um planeta maravilhosamente belo, como nenhum outro, por enquanto ainda não conhecido, para nos servir de morada. Não nos faltava nada, até que a ganância do ser humano falou mais alto. A partir desse momento o nosso planeta já não é mais tão belo nem mais tão azul como antes era visto. Hoje há queimadas e desmatamentos de áreas importantes para a sobrevivência do planeta, como a Amazônia, no Mato Grosso. Em anos anteriores, conforme imagens do satélite americano NOAA 14 sobre o município de Alta Floresta, no Mato Grosso, cidade conhecida pelos altos índices de desmatamentos e queimadas, observou-se uma extensão de destruição de mais de 150 quilômetros entre os rios Teles Pires e Juruema, isto em 1997. Hoje, dezoito anos após, esses índices são astronomicamente maiores. O Inpe envia mensagens de satélite com informações atualizadas sobre queimadas e desmatamentos para órgãos governamentais como Ibama e secretarias de Meio Ambiente dos estados do Pará e Rondônia diariamente. Por que os fiscais, de posse dessas importantes informações, não tomam providências e continuam fazendo vista grossa? Por que ninguém faz nada? As tragédias continuam matando animais raros, desalojando as populações ribeirinhas de suas terras. As pessoas não fazem ideia do número de mortes que ocorrem por jagunços, posseiros e fazendeiros no Pará pela posse da terra. A não ser quando é assassinado um ativista importante como o seringueiro Chico Mendes ou a irmã Dorothy Stang, que vivia no município de Anapu, no Pará, e pertencia a Pastoral da Terra. Após dez anos de sua morte, os mandantes do bárbaro crime continuam em liberdade e “o círculo vicioso da exploração, violência e impunidade segue imperando na Amazônia”. Numa única noite, 4.000 castanheiras, protegidas por lei, foram devoradas pelo fogo. A Revista Veja, de 20 de agosto de 1997, publicou a seguinte pergunta: “O que um presidente, na época Fernando Henrique Cardoso, poderia fazer pela Amazônia? E eu faço essa mesma pergunta aos presidentes que o sucederam. A resposta da Revista foi: muito. Bastava um esforço concentrado, no período de seca, como a que estamos vivenciando no momento, que é quando ocorrem as piores queimadas, usar o Exército que possui os meios e conhece a floresta, para fazer essa fiscalização. O governo se defende alegando que as queimadas diminuíram e os desmatamentos também. Mentira. Preservar a Amazônia passou a ser prioridade dos povos do mundo. Não podemos permitir que ela seja desmatada para produzir alimento, formação de pastagens para criação de gado, mesmo porque não há produção de nada sem água. O Ibama não pode mais autorizar essas barbaridades de milhares de hectares desmatados todos os dias. Temos que dar um basta neste crime.

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