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Escravos tecnológicos

Tenho a percepção de que o ritmo de vida está cada dia mais acelerado...

Fernando Hueb de Menezes
Publicado em 05/11/2015 às 20:08Atualizado em 16/12/2022 às 21:28
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Tenho a percepção de que o ritmo de vida está cada dia mais acelerado. Vivemos escravizados num moinho de atividades que nos consomem, preenchendo praticamente todo o nosso tempo. Estamos envolvidos em tarefas desafiadoras, estimulados pelas possibilidades de crescimento pessoal e profissional.

As novas tecnologias de informação e comunicação tornaram o cotidiano ainda mais frenético. Novas ferramentas permitem que as cobranças sejam instantâneas, por meio de mensagens que chegam a todo o momento, emitindo os mais diversos sons nos incansáveis aparelhos celulares, que nem na madrugada conseguem adormecer. Redes sociais nos apresentam súbitas e inesperadas situações, não dando folga aos demandados.

Toda essa parafernália de dispositivos, aplicativos e ferramentas preenche a mente do indivíduo e gera uma falsa sensação de que temos que estar disponíveis dia e noite, aptos a retornar a quem nos solicita, independentes do horário, desencadeando um processo de alienação e de dependência tecnológica. Experimente manter seus dispositivos desligados por dois dias. Terá a sensação de perda, de ausência do mundo. Mas, quando religar, pode ter certeza, a vida estará do mesmo jeito e você na verdade terá ganhado dois dias de vida, de dedicação a algumas situações que por vezes passaram despercebidas.

Na verdade, a maioria das pessoas se coloca no centro do cosmo, considerando que sua ausência, mesmo que virtual, causaria um transtorno no ambiente e na sociedade. Nada disso. Engana-se quem se acha indispensável ou insubstituível. O mundo vai girar independente de nós. Somos insignificantes no contexto do universo.

Devemos desacelerar, dividir melhor nosso tempo e aproveitá-lo com mais qualidade. Dedicar às atividades que realmente importam, ao convívio com a família, com os pais e com os filhos. Desconectar. Desligar da tecnologia por um tempo, levando-nos a enxergar o lado real da vida, vivenciando as relações com maior intensidade, olhos nos olhos. Façamos da tecnologia instrumento de apoio, e não item essencial, com escravidão e dependência doentia. Existe vida de verdade quando estamos “off-line”. Basta desconectar!

(*) Professor e pesquisador da Universidade de Uberaba; chefe de Gabinete da Prefeitura de Uberaba

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