Vejo com pesar as placas espalhando-se em profusão pela cidade.
Aluga-se! Vende-se! E agora Negocia-se! Inteligente!
A situação econômica e política do país é inegavelmente caótica, atípica e isso exige muita cautela e criatividade.
Se não há como vender ou alugar vamos negociar...
Trocar imóveis, trabalho, bens... o que vale é resolver uma situação que não é ideal no momento para mim, mas que talvez seja boa para alguém.
Aplaudo esse agir. Faz parte da vida econômica, onde os mais espertos, competentes e inteligentes até se dão bem.
Sem maracutaias tudo é válido e democrático. Mas não deixo de ficar chocada pelo número crescente de ofertas, o que denota a crise alarmante que bate na porta de muitas famílias.
Dizem que crises são oportunidades de mudança. Então, espero que muitos de nós absorvam o prejuízo e saiam dessa situação melhores e mais experientes!
Entretanto, me causa extremo desgosto e enorme repulsa o “Negocia-se” que se instalou no meio político.
Os “grandes”, a “elite política”, incluindo aí nossa presidente, negociam desavergonhadamente para sobreviver no poder.
E quase todos os demais, desnorteados, se curvam e se submetem ao jogo do poder. Muitas vezes tutelados pela própria Justiça – sem esquecer as exceções, é claro!
Deve haver carcaças enterradas ali... suspeitamos todos.
E impotentes percebemos que essa sobrevida trará consequências ainda mais graves para o país já tão letárgico.
Até a Petrobras, já espoliada de morte, adotou o “Negocia-se”.
O propalado pré-sal precisa ser renegociado, pois o custo de sua produção tornará sua comercialização inviável. Superfaturado! Mal do Brasil! E joga-se a sujeira para debaixo do tapete.
Ainda há muita corrupção a ser esclarecida, em muitos setores, em muitos partidos.
Vejo também estarrecida políticos astutos e comprovadamente corruptos arregaçando os dentes, dobrando as mangas de suas camisas adquiridas sub-repticiamente, se preparando para dar mais um bote certeiro.
O momento de revolta dos menos avisados tem feito com que o ódio distorça sua visão e julgamento. Há que se ter cautela.
Tenho compaixão por minha Pátria desvalida, mas acho que meu povo tem tido o governo que merece.
Creio que ainda vai rolar muita lama, do lodo sairão muitas criaturas estranhas, muita dor ainda será sentida... esse é um momento de expurgo coletivo.
Mas sei que do pântano também pode brotar uma bela flor de lótus.
Enquanto isso procuro não deixar que a preocupação e a desilusão me roubem o equilíbrio.
Respiro profundamente a vida e inspiro o bem-estar liberado pelo divino.
E visualizo o dia em que os líderes de nações buscarão um acordo, um “Negocia-se” com a sabedoria divina para conduzir nosso mundo em harmonia.
Negociar nossa alma imortal pelo poder efêmero, jamais!
Acredito demais no divino para negociar minha eternidade por bezerros de ouro.
“Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.” (Gênesis 8.22)
(*) Mãe de família