ARTICULISTAS

Tá ruim, mas tá bom

Diferentes formas de expressões usadas atualmente

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 10/10/2015 às 12:06Atualizado em 16/12/2022 às 21:52
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Nosso povo é rápido em criar expressões que definam o espírito de uma situação. Sempre com muito humor.

Frases dúbias e marotas que refletem verdades complicadas e delicadas, resumindo toda uma tensão.

O “tá ruim, mas tá bom” considero de uma sutileza genial.

Numa análise rápida, traduz toda a passividade de nosso brasileiro, fruto da miscigenação portuguesa, indígena, negra etc, que, por precaução, evita ser direto para não entrar de gaiato em situações que acredita estar aquém de sua capacidade de contribuição e/ou interferência.

“Deixa pra lá que nesse mar tem muito tubarão”... Ou “vamos deixar como está para ver como é que fica...”

E com isso a vida rola e roda, refletindo nossa passividade herdada geneticamente.

Mas analiso também a expressão por um lado mais transcendental.

A espiritualidade também é latente e incorporada em nossa genética.

Somos a própria definição do homem de Saint Exupéry:

- O homem é um nômade em busca do absoluto.

Nossa busca pelo eterno também se reflete nas diversas formas de culto ao divino.

No íntimo, sabemos que a espiritualidade não tem religião, não tem dogmas. Transcende a muitas verdades estabelecidas.

Creio que o “Tá ruim, mas tá bom” é um pouco dessa bondade/espiritualidade intrínseca em nosso povo.

Somos naturalmente bons e crentes!

Nosso Brasil vive momentos econômicos delicados. O momento político reflete a deterioração moral de nosso povo.

Reconhecemos e lamentamos esse período negro que não é fruto dos desmandos de apenas um governo ou de uma Presidente.

Há erros seculares que ainda vão demorar a ser eliminados de nossa genética.

O bem e o mal ainda vão conviver por muito tempo.

Mas há ênfase demais no mal.

E há pouca divulgação dos muitos grupos e indivíduos que têm se transformado e buscado formas alternativas de cooperação coletiva, o que inclui, sim, orar pelo momento caótico e pelo inimigo.

O ódio concentrado só gera dor, distorção e atraso.

Precisamos entremear nosso viver com mais palavras doces, não só para aqueles que amamos, mas também aos que não admiramos. Olhar o mundo em chamas, expatriados sem prumo e sem guarida, sem lar. Ter a coragem de analisar sem preconceito.

Tá ruim, mas tá bom! Ainda temos um rico e maravilhoso país.

Essa situação emergencial e nefasta só será resolvida com dedicação e muita energia positiva.

Seicho-no-ie, cristianismo, espiritismo, yoga e outros caminhos espirituais nos ensinam a importância de mentalizarmos beneficamente aqueles que nos governam.

Só assim vão conseguir ter um pouco de energia para agir pelo coletivo, cumprindo seu destino traçado pelo cosmos. Forças do ódio só vão condensar o mal.

Isso é caridade e a caridade é a fonte de inúmeras virtudes. Já o ódio e o egoísmo são fontes de inúmeros vícios.

A situação de nosso país está difícil para todos. As perdas são grandes e inúmeras. A nau parece sem rumo.

Mas insisto que ainda temos muita coisa boa a celebrar.

Proteste, mas sem ódio. Grite, mas sem mágoa. Medite, reze, peça ajuda ao seu anjo guardião, aos seus espíritos guias.

Mas é fundamental que mudemos o ciclo vibracional.

E, se ainda assim não conseguir mudar a nuvem espessa no coração, recorra à bênção das bênçãos: uma fungada gostosa no cangote.

Chamego infalível e despretensioso que eletriza desde os três buracos na base da coluna, atravessando como um raio a espinha dorsal e explodindo nos sete buracos de seu rosto! Nota 10!

Talvez assim, com humor renovado, reconheçamos que tá ruim, mas tá bom!

Marília Andrade Montes Cordeiro

(*) Mãe de família

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