Estilingue

Fazia tempo que eu não via uma arma, antes na mão de todo menino - um estilingue. Embora usado para caçar lagartixa no muro, apanhar frutas e acertar latas, não me lembro dele nas brigas ferrenhas de meninos, ou seja, para dominar pessoas.

Esse pensamento me ocorreu quando vi recentemente em um jornal o flagrante de uma fotografia de oito militares: todos estão atentos a uma manifestação de rua e um deles, com estilingue em punho (É isso mesmo!), prepara-se para dispersar a multidão. O militar tem a forquilha na mão esquerda e, na direita, uma pedra pronta para ser arremessada pela borracha retesada. Isso foi na Caxemira, Índia. Por aqui, se a situação foge do controle, usam-se cassetetes e gás de pimenta.

Deve doer pra caramba uma pedrada vinda de estilingue. Pedra ou outro projétil - qualquer que seja a munição usada pelo militar -, o mais certo é a vítima tentar não ser atingida. E quem levou uma estilingada não deve querer bis. Dói só de pensar.

Não sei se há outra polícia, no mundo, usando estilingue. Porém, no Brasil, essa arma seria inviável para enfrentar multidões ou encarar bandidos, pois muitos destes usam armamento pesado, capaz de derrubar helicóptero.

Minha infância era ótima e eu nem imaginava que eu fosse tão feliz. De repente ficou para trás aquele tempo em que estilingue jamais havia servido para atacar pessoas. E há quem chame esta mudança de progresso!